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Vitalino é ainda o mestre dos ceramistas
DO ENVIADO ESPECIAL A PERNAMBUCO
Mestre ceramista, Vitalino Pereira dos Santos nasceu em 10 de
julho de 1909, em Caruaru. Das
mãos de Vitalino nasceu a arte da
escultura em barro. De família
pobre, Vitalino começou a moldar o massapé ainda criança, para
ajudar no orçamento doméstico.
Com as sobras do barro que sua
mãe, também artesã, pegava nas
margens do rio Ipojuca, o menino
moldava animais, bonecos e utensílios domésticos.
O artista tinha seis anos quando
criou a primeira obra, inspirada
em uma visão que teria tido: um
gato trepado numa árvore acuado
por um cachorro, enquanto um
caçador o mirava. A visão ganhou
forma no barro e o primeiro trabalho do mestre foi vendido a
uma senhora de Recife por dois
"tostões". "O Caçador", como ficou conhecida a obra, é uma das
peças mais cultuadas pelos artesãos nordestinos.
Em 1929, então com 20 anos, Vitalino desenvolveu os primeiros
trabalhos com figuras humanas,
personagens do povo retratando
tristezas e alegrias. E moldou no
barro os cangaceiros Maria Bonita e Lampião, soldados, retirantes
e cenas de batizados e casamentos, entre outras.
Em 1931, Mestre Vitalino se casou com Joana Maria da Conceição, com quem teve seis filhos:
Amaro, Manoel, Maria, Severino,
Antônio e Maria José. Cinco se
dedicaram à arte do pai.
Nessa época, a obra de Vitalino
já ultrapassava as fronteiras de
Pernambuco. Difundido por admiradores, o estilo do mestre passou a ser copiado por artesãos de
todo o país. Por vários anos, entretanto, as autoridades trataram
com descaso a arte de Vitalino.
A primeira grande exposição da
sua obra foi realizada apenas em
1961, no Rio de Janeiro. No ano
seguinte, os trabalhos seguiram
para São Paulo.
Mestre Vitalino morreu no dia
20 de janeiro de 1963, vítima de
varíola. Sua obra é ainda hoje a
principal fonte de inspiração de
mais de 400 artesãos que trabalham no Alto do Moura, o vilarejo
onde morou o artesão.
Em 1971, a construção onde viveu o ceramista foi transformada
na Casa Museu Mestre Vitalino. O
edifício, erguido em 1959, conserva os tijolos crus. O museu guarda
objetos pessoais e ferramentas de
trabalho do artista e revela a simplicidade em que viveu o mestre
do barro.
(FABIO MARRA)
Casa Museu Mestre Vitalino Rua Mestre Vitalino, s/nš, Alto do Moura; funciona de segunda a sábado, das 8h às 12h e
das 14h às 17h, e aos domingos, das 9h
às 13h
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