São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 2002

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Vitalino é ainda o mestre dos ceramistas

DO ENVIADO ESPECIAL A PERNAMBUCO

Mestre ceramista, Vitalino Pereira dos Santos nasceu em 10 de julho de 1909, em Caruaru. Das mãos de Vitalino nasceu a arte da escultura em barro. De família pobre, Vitalino começou a moldar o massapé ainda criança, para ajudar no orçamento doméstico. Com as sobras do barro que sua mãe, também artesã, pegava nas margens do rio Ipojuca, o menino moldava animais, bonecos e utensílios domésticos.
O artista tinha seis anos quando criou a primeira obra, inspirada em uma visão que teria tido: um gato trepado numa árvore acuado por um cachorro, enquanto um caçador o mirava. A visão ganhou forma no barro e o primeiro trabalho do mestre foi vendido a uma senhora de Recife por dois "tostões". "O Caçador", como ficou conhecida a obra, é uma das peças mais cultuadas pelos artesãos nordestinos.
Em 1929, então com 20 anos, Vitalino desenvolveu os primeiros trabalhos com figuras humanas, personagens do povo retratando tristezas e alegrias. E moldou no barro os cangaceiros Maria Bonita e Lampião, soldados, retirantes e cenas de batizados e casamentos, entre outras.
Em 1931, Mestre Vitalino se casou com Joana Maria da Conceição, com quem teve seis filhos: Amaro, Manoel, Maria, Severino, Antônio e Maria José. Cinco se dedicaram à arte do pai.
Nessa época, a obra de Vitalino já ultrapassava as fronteiras de Pernambuco. Difundido por admiradores, o estilo do mestre passou a ser copiado por artesãos de todo o país. Por vários anos, entretanto, as autoridades trataram com descaso a arte de Vitalino.
A primeira grande exposição da sua obra foi realizada apenas em 1961, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, os trabalhos seguiram para São Paulo.
Mestre Vitalino morreu no dia 20 de janeiro de 1963, vítima de varíola. Sua obra é ainda hoje a principal fonte de inspiração de mais de 400 artesãos que trabalham no Alto do Moura, o vilarejo onde morou o artesão.
Em 1971, a construção onde viveu o ceramista foi transformada na Casa Museu Mestre Vitalino. O edifício, erguido em 1959, conserva os tijolos crus. O museu guarda objetos pessoais e ferramentas de trabalho do artista e revela a simplicidade em que viveu o mestre do barro. (FABIO MARRA)




Casa Museu Mestre Vitalino Rua Mestre Vitalino, s/nš, Alto do Moura; funciona de segunda a sábado, das 8h às 12h e das 14h às 17h, e aos domingos, das 9h às 13h



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