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Habitantes da cidade têm orgulho de dizer que evento é maior concentração de arte popular do Estado
Feira de Caruaru é show de formas e cores
DO ENVIADO ESPECIAL A PERNAMBUCO
Enquanto mãos habilidosas e
calejadas por anos de experiência
amassam o barro, dando forma e
cor ao imaginário, os sons da zabumba, do triângulo e da sanfona
ecoam por todos os cantos de Caruaru. Localizada a 130 km de Recife, a Princesa do Agreste, assim
chamada carinhosamente pelos
moradores, é considerada pela
Unesco um dos maiores centros
de artes figurativas das Américas.
Em todos os pontos da cidade, é
possível encontrar peças do Alto
do Moura, povoado a 7 km de Caruaru que concentra os seguidores de Mestre Vitalino.
Mas o melhor local para se dedicar exclusivamente à apreciação
do artesanato da região é a Feira
de Artesanato de Caruaru, onde
também ocorre uma feira mais
ampla, a Feira de Caruaru, evento
que vende, além de peças artesanais, roupas, ervas e alimentos.
Há quem diga que ela é a maior
feira livre do mundo. Os caruarenses não contestam, até gostam,
mas preferem dizer que ali está a
mais rica concentração da arte
popular de Pernambuco. E têm
razão. A feira é um show de cores,
trançados, bordados, esculturas e
muito mais: um espetáculo produzido por pessoas simples, artistas anônimos que transformam
as mais rudes matérias-primas
em objetos de rara beleza.
"A inovação é a alma do artesanato pernambucano", comenta
Joseildo da Silva, 31, que há 12
anos trabalha na Feira de Caruaru. Com extrema habilidade, ele
trança cordas, transformando-as
em cortinas, bandôs, suportes para vaso e acabamento de quadros.
"Estou sempre inventando peças
novas", afirma o artesão, que revela nos trabalhos a influência de
culturas indígenas.
Com palha e tecido, Maria do
Socorro dos Santos produz bonecos de vários tamanhos. "Os de tamanho natural são os mais procurados; parecem de verdade." A artesã também confecciona quadros de palha. Em vez de tinta, ela
usa tecidos para fazer em relevo
gravuras da festa de são João, dos
retirantes do sertão e de paisagens
do cotidiano.
Fama
A feira, que recebe cerca de 40
mil visitantes por dia, é conhecida
internacionalmente e exporta
produtos sobretudo para a Europa. A produção de couro de Caruaru é vendida em todo o país.
Os preços praticados na feira representam pelo menos a metade
dos cobrados em Recife.
Severino Pereira da Silva, 45,
confecciona carteiras, sapatos,
bolsas e roupas de couro. Conhecido entre os amigos como Ramos, o nome artístico adotado, o
artesão prefere ter tranquilidade a
se tornar um médio exportador.
"Aqui nasci, aqui fabrico, aqui
vendo e estou feliz assim", encerra a conversa.
Bacias, candeeiros e latas fazem
parte do dia-a-dia de muitos nordestinos, por isso é comum encontrar na feira quem manuseie
as finas e perigosas folhas-de-flandres. Gilmar Florêncio da Silva, 32, trabalha com o material há
18 anos. Montou uma pequena fábrica dos produtos na feira e emprega dez pessoas.
Dizem que a Feira de Artesanato de Caruaru surgiu logo depois
da fundação da cidade, no século
16. Por um longo período, ocupou
desordenadamente ruas estreitas.
Somente em 1992 foi inaugurado
o parque 18 de Maio, uma área
que tem 40.000 m2.
Às terças-feiras acontece a feira
da Sulanca, uma espécie de saldão
promovido por 10 mil barraqueiros. São vendidos a preços reduzidos produtos de cama, mesa, banho e vestuário.
(FABIO MARRA)
Feira de Artesanato de Caruaru -Parque 18 de Maio, s/nš; funciona diariamente, das 8 às 17h
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