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GUERRA NUNCA MAIS!
"Aprender com o passado" convida turistas a Varsóvia
Levantes de 1943 e 1944 são lembrados em museus que atraem milhares, anualmente, à capital polonesa
DO ENVIADO ESPECIAL A VARSÓVIA
Para muitos moradores de
Varsóvia, então com 1 milhão
de habitantes, o dia 1º de setembro de 1939 começou como
um outro qualquer, exceto por
fracas explosões que foram
confundidas pelo pianista Wladislaw Szpilman com um exercício militar polonês de rotina
fora do perímetro da cidade.
Szpilman -cujo dramático
livro de memórias, décadas depois, rendeu o premiado filme
dirigido por Roman Polanski-
fez o improvável: "Após alguns
momentos, voltou a reinar o silêncio. Pensei em voltar a dormir, mas o dia já estava claro.
Decidi, portanto, ficar lendo na
cama até a hora do café".
Mas aquele dia extraordinário só acabaria seis anos mais
tarde, com estimados 70 milhões de mortos.
A Polônia foi um dos países
que mais sofreram com a guerra, e por mais tempo. De forma
rápida e devastadora, o país foi
atacado por duas potências ao
mesmo tempo: a Alemanha, no
oeste, e a União Soviética, no
leste, cumprindo a divisão prevista no pacto Ribbentrop-Molotov, um acordo secreto entre
os ditadores Hitler e Stálin.
Logo os nazistas instalaram
os campos de concentração, sequestraram e eliminaram milhares de pessoas em "grupos
móveis" de extermínio.
Os poloneses não conseguiram sequer comemorar o final
da guerra, pois logo caíram nas
garras dos russos, adversários
históricos -que haviam matado a sangue-frio cerca de 12 mil
oficiais poloneses na floresta de
Katyn- que implantaram novo
sistema de terror e perseguição
aos opositores.
Mas de um fato a Polônia tem
aprendido a se orgulhar, e cada
vez mais. Diferentemente de
outros países tomados pelos
alemães, como a Áustria, a Polônia enfrentou bravamente as
primeiras ondas da invasão nazista, até capitular, em 5 de outubro de 1939. E depois, durante a guerra, por duas vezes seus
cidadãos pegaram em armas
contra os nazistas, sempre pagando um preço bastante alto.
Aprendizado
O levante de Varsóvia, em
1944, e o levante do gueto de
Varsóvia, em
1943, episódios distintos, mas
muitas vezes confundidos, hoje
são lembrados em museus que
atraem milhares de visitantes
na capital polonesa.
Segundo um funcionário israelense de uma empresa de segurança privada que presta serviços às agências de turismo, e
que se identificou só como
Thomas, cerca de 25 mil israelenses vão anualmente a Varsóvia para conhecer melhor a história da guerra. Instruídos por
seus guias, os poucos estudantes que aceitaram conversar foram monossilábicos e repetiram um bordão: "Viemos estudar, aprender com o passado".
(RUBENS VALENTE)
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