São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2011

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Festas alusivas a santos embalam Quiindy, onde há campo de golfe

Localidade animada de 19 mil habitantes tem bandinhas e dista 113 km da capital, Assunção

No interior singelo e legítimo do Paraguai, calor que supera os 30 graus convida ao tererê, um refresco local típico

DA ENVIADA AO PARAGUAI

Percorrer de carro o interior do Paraguai é todo o tempo topar com uma festa de santo. Os paraguaios adoram essas comemorações, que chamam de "patronais".
Feriado municipal, a cidadezinha de Quiindy, de 19 mil habitantes e economia baseada na produção de bolas de couro, a 113 km de Assunção, parou no dia 10, do santo.
Típico povoado do interior, Quiindy (quer dizer "lugar com muita pimenta") preparou-se como faz todo ano.
No terreno da igreja, uma churrasqueira escavada no chão, com dimensões de trincheira de guerra de cinco metros de comprimento, assava a carne. O churrasco paraguaio não leva sal. A carne "na estaca", como eles chamam, fica seis horas assando em fogo brando.

NO CALOR DA FESTA
As bandinhas de música das escolas ainda se arrastavam pela avenida principal da cidade, e o calorão de mais de 30º C exigia refresco.
Sentados em cadeirinhas nos telhados, garrafa térmica com água gelada ao lado, moradores combatiam a sede na base do tererê.
Trata-se de uma infusão fria da erva mate, consumida em recipientes como os usados pelos gaúchos, só que, além do mate, leva ervas aromáticas ou medicinais -cada um escolhe a de sua preferência nos "yuyeros", camelôs com conhecimentos indígenas das propriedades medicinais das plantas.
A caminho de Ciudad del Este, o rádio do carro sintoniza cada vez mais estações que, em vez de espanhol ou guarani, falam português.
Os programas de rádio (que só tocam música sertaneja) são produzidos nas cidades de San Rafael e de Santa Rita, em que a comunidade brasileira, crescente e ruidosa, já é dona da maior parte dos negócios.
São "brasiguaios" como o técnico em agricultura Alexandre de Souza Furquim, 32, há 15 anos no Paraguai, para onde sua família se mudou atrás de terras mais baratas, carga tributária menor e mão de obra pouco exigente.
Furquim nunca aprendeu espanhol, mas fala guarani fluentemente, aprendido depois de chegar ao vizinho país platino. É a língua com que se comunica com os trabalhadores que procuram a sua loja de insumos agrícolas. "Aqui, nós não precisamos do espanhol."
Muitas beiras de estradas nessa região estão ocupadas por aglomerados de barracas de lona preta. Trata-se do movimento de trabalhadores sem-terra do Paraguai. Pobreza conhecida.
Alguns quilômetros à frente, porém, estende-se o Paraná Country Club de Hernandarias, município contíguo a Ciudad del Este. O condomínio fechado localizado às margens do rio Paraná é uma espécie de Alphaville paraguaio, endereço dos comerciantes bem-sucedidos da região. Tem o campo de golfe mais antigo da área da Tríplice Fronteira, com circuito de 18 buracos. Visitantes podem usar o campo mediante pagamento. (LAURA CAPRIGLIONE)


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