São Paulo, segunda-feira, 26 de abril de 2004

Próximo Texto | Índice

LUZES DA CIDADE

Euro forte exige jogo de cintura de turista na capital francesa, que vive clima de policiamento ostensivo

Paris intensifica sua onda de restaurações

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

No ponto culminante dos Champs-Elysées, o Arco do Triunfo está parcialmente coberto por uma tela. Avenida abaixo, os prédios do Grand e do Petit Palais estão em franca reconstrução. Já os detalhes dourados das fontes da praça da Concorde, onde fica o estrelado Hôtel de Crillon, estão mais faiscantes do que nunca.
Idem o telhado dourado do domo dos Invalides, do outro lado da cidade, onde Napoleão Bonaparte está sepultado: hoje, tudo em Paris está sendo restaurado.
Mas as obras não são novas e datam dos anos 1980, quando o presidente François Mitterrand (1916-1996) iniciou a era de renovação urbanística conhecida como "Os Grandes Trabalhos". Mitterrand construiu ainda, ao lado do museu do Louvre, as polêmicas pirâmides de vidro concebidas pelo arquiteto I.M. Pei.
Embora sempre dê para visitar a Cidade Luz navegando pelo site oficial, www.franceguide.com (da Maison de la France), ver "in loco" a fachada da Ópera, que agora parece nova em folha, as pontes que cruzam o rio Sena e os grandes museus -Louvre, Orsay e Georges Pompidou- também é de enlouquecer.

Novíssimos trabalhos
Há cerca de 20 dias, Bertrand Delanoë, o ambicioso prefeito parisiense -socialista como Mitterrand-, anunciou, em entrevista ao jornal "Le Monde", quatro novos projetos de renovação do Les Halles e da Ile-de-France, locais por onde circulam diariamente cerca de 800 mil pessoas.
Costurando todos esses lugares, o visitante que já tiver conferido as pirâmides do Louvre pode contemplar Paris do alto de um dos ônibus de dois andares, fazendo um trajeto circular pelos principais bairros e pontos turísticos.
Para isso gastará 22 (caso da empresa Les Cars Rouges) ou 27 (preço do L'Open Tour) por um passe de dois dias que permite ao turista subir e descer em diversos lugares.
Outra oferta que faz a festa do viajante que não perde tempo é o Carte Musée Monumentes/Paris Museum Pass. O passe dá direito a entrada em uma infinidade de museus, mas só vale a pena se for intensivamente usado, pois custa 22 por dia; 42 por dois dias ou 63 por três dias. Vale lembrar que a entrada nos principais museus custa em média 10.
Há, no entanto, um clima de policiamento ostensivo, como em todas as grandes cidades européias, assustadas com possíveis atentados terroristas. Em Paris, há muitos policiais de uniforme azul (a cavalo, a pé, de patinete) e, em algumas esquinas, cavaletes impedem o estacionamento no entorno da rua de comércio chique Faubourg St. Honoré -especialmente atrás da Embaixada dos EUA e do Ministério do Interior.
Com uma oferta cultural que não encontra paralelo, esbanjando museus e ostentando inúmeros locais bafejados pela história, a capital francesa peca hoje pelos preços altos. Em tempo de euro forte e dólar fraco, o turista brasileiro caiu na real, aderindo ao piquenique no quarto na hora do jantar -o que não chega a ser um problema-, com as guloseimas vendidas nos supermercados, como o Monoprix, que estão por todo lado. Mesmo nas lojas de gastronomia Fauchon (www.fauchon.com), abertas diariamente das 8h às 23h em 13 endereços, os preços não assustam (as porções individuais para levar custam, em média, 10).
Os franceses mais renitentes que não nos ouçam, mas há turistas trocando os tradicionais bistrôs pelo McDonald's da Champs-Elysées, onde cartões de crédito são aceitos e um lanche de McChicken, Coca-Cola e salada de alface com camarõezinhos e salmão (servida num medonho copo de plástico!) custa 7,60.
Pequenos lugares comerciais para almoçar oferecem menus impecáveis, com prato principal, sobremesa e, eventualmente, vinho, por cerca de 20.


Silvio Cioffi viajou a convite da Maison de la France (SP), da companhia aérea Air France e das empresas de consultoria hoteleira X-Mart e GP Marketing.


Próximo Texto: Luzes da cidade: Capital tem museus de fechar o comércio
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.