|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Museu d'Orsay reúne obras de 1848 a 1914
especial para a Folha
Não há nada menos kafkiano
que uma pintura impressionista.
E, no entanto, foi no antigo edifício da Gare d'Orsay, em Paris, que
o cineasta Orson Welles filmou cenas de "O Processo", adaptação
do romance de Franz Kafka, e que
os franceses instalaram o principal
museu impressionista do mundo.
Inaugurado em 1986, o Museu
d'Orsay se propõe a expor toda a
arte do período entre 1848 e 1914,
suficientemente vasto para incluir
os pré e os pós-impressionistas.
É o templo do impressionismo e
inclui obras que estavam no Jeu de
Paume e outros museus, entre elas
clássicos como "Almoço na Relva" e "Olympia". Datadas de
1863, essas pinturas de Manet escandalizaram o público e contribuíram para que, em torno do artista, se travasse a principal luta
pela renovação estética do século
19. Ele negava qualquer liderança,
mas os impressionistas ficaram
conhecidos como "la bande à Manet" (a quadrilha de Manet).
Ao lado das pinturas de Manet, o
museu reúne obras de todos os nomes da linha de frente do impressionismo, como Degas ("Bailarina em Cena", "O Absinto"), Monet ("Catedral de Rouen em Pleno
Sol", "Nenúfares Azuis"), Renoir ("Mulher Lendo", "Baile no
Moulin de la Galette"), Pissarro
("Os Telhados Vermelhos"), Sisley ("Inundação de Port-Marly")
e Morisot ("O Berço").
De Cézanne, que esteve na origem do impressionismo e antecipou os cubistas, o Museu d'Orsay
exibe "A Casa do Enforcado" e várias naturezas-mortas.
De Seul Rat, que levou a fundo
sua pesquisa de cor e luz, há pinturas pontilhistas como "O Circo".
Entre os despidos pós-impressionistas, há Rauguin ("Camponesas
da Bretanha"), Van Gogh ("Doutor Paul Gachet") e Toulouse-Lautrec ("Jane Avril Dançando").
Os impressionistas estão no andar superior do museu. É interessante observar as linhas comuns
que levam do impressionismo a
movimentos tão díspares quanto a
pintura "naive" (principalmente
Henri Rousseau) ou simbolista
(Redon, Martin, Deville).
No conjunto, o museu oferece
um acervo impossível de ser visto
na totalidade -2.500 pinturas,
1.500 esculturas-, situando cada
obra no contexto social, político e
tecnológico de seu tempo. Mas vale ver o máximo que der.
(FM)
Museu d'Orsay: 1, rue de Bellechasse,
tel. (00-33-1/4049-4814), Paris. Aberto de
terça a sábado, das 10h às 18h (até 21h45
na quinta), e domingos, das 9 às 18 h
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|