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GALÍCIA
Aparato do andarilho deve ter também chapéu, mochila, cabaça de água ou vinho e um bastão para apoio e defesa
Conchas são distintivos do peregrino
DO ENVIADO ESPECIAL À GALÍCIA
Depois de circular por uma semana na Galícia, fica a impressão
de que qualquer esquina de cidade está no caminho de Santiago,
de tanto que se vêem os sinais da
rota "xacobea" (em galego, jacobéia, de Jacó ou Tiago): as conchas de vieiras.
Você já deve ter visto uma, pelo
menos nos logotipos que aparecem em anúncios e postos da
Shell (que também significa concha). Em francês, são chamadas
de "coquilles Saint-Jacques", termo que não significa outra coisa
que conchas de são Tiago, abundantes no litoral galego.
Carnudas, macias e de sabor delicado, para os peregrinos elas são
um símbolo constante: aparecem
em todos os marcos dos caminhos para Santiago e são uma espécie de distintivo do andarilho.
No aparato tradicional de peregrino, deve constar também um
chapéu de abas largas, uma mochila de couro de veado, uma cabaça para água ou vinho e um
bastão (para apoio e defesa contra
"lobos e salteadores de estradas").
Chegando a Santiago, o peregrino cumpre um ritual final. Posta-se no centro da praça do Obradoiro, diante da catedral e cercado de
alguns dos mais importantes edifícios compostelanos (entre eles o
quinhentista hospital dos Reis Católicos, hoje um magnífico hotel).
Uma vez na catedral, contempla
o Pórtico da Glória, um conjunto
de 200 vívidas e bem preservadas
esculturas românicas do século
12. Uma coluna sob a metade do
pórtico é encimada pela figura de
Santiago, a qual os peregrinos devem acariciar. Nas cavidades formadas por milhões de toques, o
peregrino típico põe seus dedos.
Depois, deve-se circundar a coluna e encostar a cabeça na figura
que há atrás dela. O visitante segue então em direção ao altar-mor, pelo lado direito da nave, sobe uma pequena escada, abraça a
imagem dourada do santo (não
confundir com o imóvel funcionário da igreja que vigia o ritual),
sai pelo lado esquerdo e, virando
mais uma vez à esquerda, chega à
pequena cripta, sob o altar, onde,
acredita-se, estão os restos do santo.
(VINICIUS TORRES FREIRE)
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