São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 2000


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GALÍCIA
Aparato do andarilho deve ter também chapéu, mochila, cabaça de água ou vinho e um bastão para apoio e defesa
Conchas são distintivos do peregrino

DO ENVIADO ESPECIAL À GALÍCIA

Depois de circular por uma semana na Galícia, fica a impressão de que qualquer esquina de cidade está no caminho de Santiago, de tanto que se vêem os sinais da rota "xacobea" (em galego, jacobéia, de Jacó ou Tiago): as conchas de vieiras.
Você já deve ter visto uma, pelo menos nos logotipos que aparecem em anúncios e postos da Shell (que também significa concha). Em francês, são chamadas de "coquilles Saint-Jacques", termo que não significa outra coisa que conchas de são Tiago, abundantes no litoral galego.
Carnudas, macias e de sabor delicado, para os peregrinos elas são um símbolo constante: aparecem em todos os marcos dos caminhos para Santiago e são uma espécie de distintivo do andarilho.
No aparato tradicional de peregrino, deve constar também um chapéu de abas largas, uma mochila de couro de veado, uma cabaça para água ou vinho e um bastão (para apoio e defesa contra "lobos e salteadores de estradas").
Chegando a Santiago, o peregrino cumpre um ritual final. Posta-se no centro da praça do Obradoiro, diante da catedral e cercado de alguns dos mais importantes edifícios compostelanos (entre eles o quinhentista hospital dos Reis Católicos, hoje um magnífico hotel).
Uma vez na catedral, contempla o Pórtico da Glória, um conjunto de 200 vívidas e bem preservadas esculturas românicas do século 12. Uma coluna sob a metade do pórtico é encimada pela figura de Santiago, a qual os peregrinos devem acariciar. Nas cavidades formadas por milhões de toques, o peregrino típico põe seus dedos.
Depois, deve-se circundar a coluna e encostar a cabeça na figura que há atrás dela. O visitante segue então em direção ao altar-mor, pelo lado direito da nave, sobe uma pequena escada, abraça a imagem dourada do santo (não confundir com o imóvel funcionário da igreja que vigia o ritual), sai pelo lado esquerdo e, virando mais uma vez à esquerda, chega à pequena cripta, sob o altar, onde, acredita-se, estão os restos do santo. (VINICIUS TORRES FREIRE)


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