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Túmulo chegou à região de barco
DO ENVIADO ESPECIAL
Herodes Agripa, rei da Judéia,
mandou cortar a cabeça de Tiago,
discípulo de Jesus, apóstolo cristão, como está registrado em
"Atos dos Apóstolos", capítulo 12,
versículo 2. Isso foi em 42 ou 44
depois de Cristo.
Em 813, o bispo Teodomiro, de
Iria, na Galícia, encontrou em San
Fiz uma tumba de mármore no
meio do mato, que anjos e luzes
estranhas haviam indicado para
um monge. Quem gosta de cinema viu essas e outras histórias e
dogmas católicos serem enxovalhados em "O Estranho Caminho
de Santiago" (1969), do cineasta
espanhol Luís Buñuel.
O que fazia o corpo do líder dos
cristãos de Jerusalém, o galileu
Tiago, na Galícia? Segundo a tradição, o decapitado Tiago foi levado por seus discípulos para um
barco que, guiado pela mão divina, foi dar nas costas galegas, então a Gallaecia romana.
Depois de desventuras fantásticas e embates mágicos, os discípulos de Tiago conseguiram sepultá-lo. A perseguição romana
aos cristãos teria relegado o culto
às relíquias ao esquecimento. Até
que o bárbaro bispo Teodomiro
as reencontrou.
Por coincidência, a descoberta
do bispo ocorreu num momento
em que os nobres dos reinos espanhóis do norte, a única parte da
península Ibérica livre dos mouros, careciam de símbolos para
combater os infiéis.
O túmulo de Tiago tornou-se
então uma igreja; reis espanhóis
criaram uma ordem de cavalaria
para proteger Santiago de Compostela e seus caminhos. Em 997,
Al Mansur, o comandante militar
do califado mouro de Córdoba
(então a cidade mais civilizada do
Ocidente), arrasaria Santiago.
Os mouros foram aos poucos
expulsos e a cidade se tornou uma
espécie de símbolo da Reconquista católica da península. O que é
hoje a catedral começou a ser
construída em 1078 e foi terminada como basílica românica em
1211. Sua fachada seria reformada
no século 17, com desenho barroco. O estranho túmulo de Tiago
ainda está lá.
(VTF)
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