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Dia-a-dia pantaneiro começa às 5h
DO ENVIADO ESPECIAL
O visitante do Pantanal deve se
dedicar a um estado de contemplação como o poema da rã que
salta no tanque. Mergulhando no
silêncio, ele tem a oportunidade
de ler a natureza como um livro.
Rastros, movimentos mínimos,
pequenos barulhos: tudo é sinal
da presença dos animais. Com o
tempo, em companhia dos pantaneiros, aprende-se a prestar atenção aos detalhes e a reconhecer os
cantos -às vezes, berros- das
aves. Descendo o rio de canoa, cavalgando ou caminhando, devagar o visitante torna-se parte do
ambiente. Então os bichos começam a aparecer.
Alguns seria melhor que não
aparecessem, como os milhões de
mosquitos sem piedade. Mas a
natureza não é um quadro sobre a
tela e um bom repelente é rigorosamente obrigatório. Há colhereiros, tuiuiús, garças, ariranhas, tamanduás, lobinhos, veados. Difícil listar todos. É bom levar binóculo e câmara fotográfica, se possível, com teleobjetivas.
Às vezes, passa-se um dia inteiro no rio, descansando e comendo churrasco em companhia dos
jacarés em uma pequena praia.
Outras, passeia-se de "pata-choca", um jipe usado pelo Exército
norte-americano na Segunda
Guerra Mundial.
O carro está adaptado às condições locais. É barulhento, mas
uma boa alternativa para nádegas
fatigadas com o cavalo.
Com grande surpresa, descobre-se que o ritmo do Sol não cansa: despertar às 5h30; passeio; almoço ao meio-dia; mais passeio; a
cama desejada por volta das 21h.
Enquanto isso, o movimento do
Sol ilumina a paisagem de mil formas diferentes, como as luzes de
um palco, até "incendiar" o teatro
inteiro, quando o astro sai triunfante da cena.
O Pantanal tem um fascínio ambivalente, que é o mesmo do poema japonês. Em seu significado
mais profundo, a rã que salta no
tanque, assim como as aves que
pulam na água parada do rio -o
espelho perfeito para céu e árvores-, representam o choque do
momentâneo com o permanente:
o grande contraste da vida.
(VS)
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