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São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 2003

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VINDE A MIM

Escadas rolantes levam 9.000 turistas por hora; infra-estrutura leva em conta o impacto ambiental da obra

Está mais fácil chegar aos pés do Cristo

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Cristo Redentor reluz após o término da primeira etapa do projeto de restauração, em 2001, que instalou nova iluminação


HELOISA HELENA LUPINACCI
ENVIADA ESPECIAL AO RIO DE JANEIRO

O acesso ao Cristo Redentor está mais fácil para a chegada do povo, mas ainda distante do bolso de parte dessa gente. Duzentos e vinte degraus que separavam o Cristo Redentor de suas visitas e atrapalhavam principalmente aquelas com dificuldade de locomoção deixaram de ser um empecilho.
Com o esforço de alguns passos, chega-se lá usando um elevador e dois lances de escadas rolantes.
Para chegar aos elevadores, pode-se pegar o trem do Corcovado, que sobe pela estrada de ferro do Corcovado e custa R$ 25 por pessoa a partir da estação Cosme Velho, ou R$ 20 a partir da estação Paineiras. Na subida, que passa no meio da floresta da Tijuca, em uma dada curva, a mata dá lugar à vista da cidade. Então, vários "oh!", com todos os sotaques tomam conta do vagão.
Depois de cerca de 20 minutos, chega-se à plataforma de desembarque do Corcovado. Então, basta subir uma pequena rampa para ter acesso aos três elevadores, com capacidade de carregar 13 turistas por vez. A partir daí, pega-se dois lances de escadas rolantes, que levam 9.000 turistas por hora para cima e para baixo, e pronto: chega-se aos pés do Redentor.
Além da preocupação em facilitar o acesso a idosos e deficientes físicos -foi feita pesquisa sobre as regras da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e documentos internacionais sobre acessibilidade a usuários de cadeiras de rodas -, o projeto teve muitos outros cuidados. Um deles foi o de não interferir na aparência do monumento.
Para evitar essa intervenção, Maurício Prochnik, arquiteto responsável pelo projeto, fotografou o Corcovado a partir de diversos pontos da cidade, como da Barra da Tijuca, da Lagoa Rodrigo de Freitas e do Botafogo. Ele decidiu construir o sistema de acesso na face norte. O local fica perto da estrada de ferro, onde árvores grandes escondem a estrutura do elevador, e há uma reentrância natural na rocha, que facilitou a acomodação da torre.
Para não destoar do ambiente, Prochnik também pesquisou por dois meses e meio a cor a ser usada para pintar a torre de 33 metros que abriga o elevador. O estudo levou à criação do "verde-corcovado", como brinca o arquiteto. "Usei três folhas de árvores da região para fazer uma avaliação de qual seria a cor mais adequada. Mandei fazer uma amostra da tinta, e o resultado foi adequado."
Outra preocupação foi com o ambiente. O mecanismo do elevador não usa óleo, e as escadas rolantes não fazem barulho -o que afetaria, e muito, "os macaquinhos da floresta da Tijuca".
Todos os funcionários da obra tiveram aulas de educação ambiental para não destruir o local.
Também foi feito um resgate da flora nativa, com o plantio de espécies da mata atlântica. Depois de muitos anos de visitas ao Cristo, a flora da região foi alterada. Pés de goiaba e outras frutas cresceram ali, transformando um pedaço de mata atlântica em uma espécie de pomar de turistas.
O novo acesso ao Cristo é a segunda etapa do projeto Cristo Redentor, no qual foram investidos US$ 6 milhões. Na primeira etapa, concluída em 2001, a estátua foi reformada. Foram gastos R$ 1,5 milhão. A terceira etapa prevê a implementação do programa Educar por Natureza, de capacitação de professores para o ensino de educação ambiental.
Heloisa Helena Lupinacci viajou a convite do Banco Real ABN AMRO.

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