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"Ponha o macarrão no molho, não o molho no macarrão", diz Pani
do enviado especial
O italiano Giovanni Pani, o
Gianni, 38, conhece bem os mares
e as massas. Trabalha desde 1986
no setor de alimentos nos navios
da companhia Costa Cruzeiros,
onde, além de supervisionar o
que os passageiros comem, faz
macarronada para eles.
O sorriso permanente e a silhueta roliça denunciam a intimidade de Gianni -que se apresenta jocosamente como "João
Pão"- com as artes da culinária.
Ele está sempre no salão de refeições de um transatlântico, preparando em um "réchaud" massas equilibradas, servidas com a
habilidade de um malabarista da
caçarola e dos garfos.
"O segredo é colocar o macarrão no molho, não o molho no
macarrão", diz ele. "Isso explica
porque os italianos preferem a
massa mais dura, "al dente". Assim, quando você junta o macarrão ao molho, ele termina de cozinhar e absorve melhor o suco,
coisa que não acontece quando a
massa é cozida demais."
Mas o talento de Gianni Pani
não se resume ao sabor das massas que saem do seu "réchaud".
Esse profissional que, em terra
firme, vive em Camogli, na Ligúria, é um hoteleiro "al mare" que
estudou na exclusiva "Società Italia", instituto que ensina a arte de
receber para quem quer trabalhar
em navios de cruzeiro.
Depois, atuou no Splendido, de
Portofino, também na Ligúria,
um dos hotéis históricos mais luxuosos do mundo.
Hoje, entre suas preocupações,
estão a supervisão dos ingredientes (veja quadro com os ítens consumidos semanalmente no Costa
Allegra à pág. 8-5): a carne vem da
Argentina, os frutos do mar, congelados frescos, da Itália.
A rotina de Gianni -que trabalha direto por quatro meses num
navio da Costa Cruzeiros, passa
um mês e meio em casa e, a seguir, volta para o mar- não muda muito quando ele está em casa.
"Além de cozinhar, adoro pescar e, em casa, meus pais plantam
verduras no jardim. Aí, todos juntos, cozinhamos", diz ele, ressaltando que a mãe ainda faz pão em
casa, diariamente.
Dicas para comer bem
Como a tradição italiana é seguida à risca nos navios da Costa
Cruzeiros, as refeições compreendem entrada, sopa, primeiro prato à base de massa ou risoto, segundo prato com carne ou peixe
acompanhados de vegetais, queijos, sobremesa etc.
Assim, depois de alguns dias a
bordo, refugiar-se um dia ou outro na macarronada feita na hora
por Gianni pode ser uma maneira
de driblar o aumento da cintura.
É aí que o talento desse profissional entra em cena, oferecendo
ao passageiro uma massa leve, cozida na hora (veja receita acima).
Sempre pronto a ensinar, Gianni diz que, qualquer que seja a receita, a comida italiana busca molhos mais naturais. E dá dicas: "no
refogado, a cebola tem que ser
dourada, o alho, não. Alho muito
frito é indigesto", conta.
"Já para fazer o refogado, prefira o azeite de oliva, pois a manteiga deixa o molho engordurado
demais. E, no fim de tudo, adicione uma pitada de açúcar, pois
também ajuda a tirar a acidez do
molho de tomate."
Além de profissionais como
Gianni Pani, um navio como o
Costa Allegra tem na cozinha cerca de 50 pessoas, entre cozinheiros, padeiros e doceiros.
Outros 50 garçons servem as
mesas, que, no salão principal,
podem ser para quatro, seis ou oito passageiros.
Toda a comilança está incluída,
o que não acontece com as bebidas, que são pagas à parte no final
do cruzeiro, numa extravagância
que vale a pena para quem aprecia bons vinhos italianos.
As águas e os vinhos não consumidos durante a refeição ganham
o nome do passageiro no rótulo
-e retornam à mesa no turno seguinte.
(SILVIO CIOFFI)
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