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Na famosa obra "O Profeta' personagem fala pelo autor
DO ENVIADO ESPECIAL AO LÍBANO
A obra de Gibran pode ser dividida em duas fases: a primeira inicia-se em 1905, ano de publicação de sua primeira obra
em árabe, e vai até 1918; a segunda começa neste mesmo
ano, quando é publicado seu
primeiro livro em inglês, e vai
até a sua morte, em 1931.
Sua produção literária em
árabe revela melancolia, amargor e desilusão; sua prioridade
parece ser a da reforma social.
"O mundo está faminto, e eu
vi e ouvi a fome do mundo. Se
isso que sinto chegar a nascer,
encontrará um lugar no coração do mundo. E, se não chegar
a nascer, ao menos alimentará
ainda mais essa fome".
Essa sensação de possuir
uma mensagem a ser transmitida levou Gibran a publicar,
em 1923, "O Profeta", sua obra
mais conhecida.
Primeiro batismo
Sobre esse livro, ilustrado
por ele mesmo, escreveu: "É
meu renascimento e meu primeiro batismo, o único pensamento dentro de mim que fará
com que a minha vida tenha
sentido. Esse profeta me escreveu antes que eu o escrevesse".
Em 26 sermões, o profeta Almustafa faz-se porta-voz de Gibran a fim de desvelar "todos os
mistérios que existem entre o
nascimento e a morte".
Antes de deixar a cidade onde
morara por 12 anos, o profeta
discorre a seu povo sobre o
amor, a dor, a liberdade, a família, os filhos, o matrimônio, o
tempo, a generosidade, a morte, o prazer, a amizade e a religião, entre outros temas.
Tal qual o profeta, Gibran
permanecera 12 anos na aldeia
de Bcharre antes de emigrar
para Boston.
Apesar de toda sua relevância, "O Profeta" era somente "a
primeira letra de uma só palavra" que o escritor ainda haveria de pronunciar em outros escritos. Sem a ironia característica de "O Louco", as palavras e
as parábolas do profeta emulam a cadência da natureza.
Conhece-se a relação entre o
exílio e a criatividade literária
-definida, segundo Georg Lukács (filósofo húngaro, 1885-1971), em termos de uma capacidade mental e emocional incomum, combinada com talentos especiais e com uma forte
motivação, para "descobrir inter-relações anteriormente
desconhecidas entre as coisas".
Gibran é um exemplo de como esse exílio favorece positivamente a criação literária.
Na obra "Muqaddima lixxi'r
al'arabi" ("Introdução à Poesia
Árabe"), Adonis (poeta sírio)
afirma que, "com Gibran começa na poesia árabe a visão que
aspira a mudar o mundo (...)
com ele começa a poesia árabe
moderna. Gibran não foi apenas o primeiro reformador na
poesia árabe. Ele foi o primeiro
modelo para o poeta e a poesia
criativa em seu sentido moderno".
(PDF)
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