São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

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Na famosa obra "O Profeta' personagem fala pelo autor

DO ENVIADO ESPECIAL AO LÍBANO

A obra de Gibran pode ser dividida em duas fases: a primeira inicia-se em 1905, ano de publicação de sua primeira obra em árabe, e vai até 1918; a segunda começa neste mesmo ano, quando é publicado seu primeiro livro em inglês, e vai até a sua morte, em 1931.
Sua produção literária em árabe revela melancolia, amargor e desilusão; sua prioridade parece ser a da reforma social.
"O mundo está faminto, e eu vi e ouvi a fome do mundo. Se isso que sinto chegar a nascer, encontrará um lugar no coração do mundo. E, se não chegar a nascer, ao menos alimentará ainda mais essa fome".
Essa sensação de possuir uma mensagem a ser transmitida levou Gibran a publicar, em 1923, "O Profeta", sua obra mais conhecida.

Primeiro batismo
Sobre esse livro, ilustrado por ele mesmo, escreveu: "É meu renascimento e meu primeiro batismo, o único pensamento dentro de mim que fará com que a minha vida tenha sentido. Esse profeta me escreveu antes que eu o escrevesse".
Em 26 sermões, o profeta Almustafa faz-se porta-voz de Gibran a fim de desvelar "todos os mistérios que existem entre o nascimento e a morte".
Antes de deixar a cidade onde morara por 12 anos, o profeta discorre a seu povo sobre o amor, a dor, a liberdade, a família, os filhos, o matrimônio, o tempo, a generosidade, a morte, o prazer, a amizade e a religião, entre outros temas.
Tal qual o profeta, Gibran permanecera 12 anos na aldeia de Bcharre antes de emigrar para Boston.
Apesar de toda sua relevância, "O Profeta" era somente "a primeira letra de uma só palavra" que o escritor ainda haveria de pronunciar em outros escritos. Sem a ironia característica de "O Louco", as palavras e as parábolas do profeta emulam a cadência da natureza.
Conhece-se a relação entre o exílio e a criatividade literária -definida, segundo Georg Lukács (filósofo húngaro, 1885-1971), em termos de uma capacidade mental e emocional incomum, combinada com talentos especiais e com uma forte motivação, para "descobrir inter-relações anteriormente desconhecidas entre as coisas".
Gibran é um exemplo de como esse exílio favorece positivamente a criação literária.
Na obra "Muqaddima lixxi'r al'arabi" ("Introdução à Poesia Árabe"), Adonis (poeta sírio) afirma que, "com Gibran começa na poesia árabe a visão que aspira a mudar o mundo (...) com ele começa a poesia árabe moderna. Gibran não foi apenas o primeiro reformador na poesia árabe. Ele foi o primeiro modelo para o poeta e a poesia criativa em seu sentido moderno". (PDF)


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