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O PAÍS E O POETA
Caminhadas por Qadisha inspiraram obra do autor
Vale Sagrado, patrimônio da humanidade desde 1988, abriga antigas comunidades monásticas cristãs
DO ENVIADO ESPECIAL AO LÍBANO
Wadi Qadicha (vale Sagrado)
abriga algumas das comunidades monásticas cristãs mais antigas do Oriente Médio e mosteiros como Deir Qannubin, Deir Mar Elisha e Deir Mar Antonios Qozhaya.
Mosteiros talhados nas montanhas, refúgios para escapar
das adversidades, o rio homônimo e as fontes que irrigam os
terraços agrícolas: o vale onde
Gibran costumava caminhar
convida à meditação e à expressão literária. Aldeias próximas
são renomadas pela tradição
poética, e um dos principais
poetas do Líbano, Asaad Sibeeli, provém da região.
A tradição oral conta que o
vale se dirige ao mar Mediterrâneo, que ouve suas palavras
como se lesse um caderno a relatar suas histórias. O vale teria,
assim, vários contos a narrar, e
quem por ele passa pode levá-los ao mar e a outras terras.
"Gibran foi muito influenciado pelo vale e pelas montanhas
que conduzem ao infinito. É o
poeta de seu meio. Como na
pintura "Dança Para o Infinito", em que cinco espíritos dançam para o infinito, o infinito
não é mais absoluto, pois se oferece ao homem", afirma Wahib
Keyrouz, curador do Museu Gibran desde 1971.
O mosteiro de Mar Antonios
(santo Antônio) Qozhaya ("o
tesouro da vida", em siríaco)
também aparece na obra de Gibran. Remonta ao início do século 5º, quando a vida monástica estava consolidada na região.
Foi a primeira sede episcopal
maronita. Ali se reuniam os
eremitas do vale, com a presença do bispo, semanalmente.
Na visita ao mosteiro, é possível aprender sobre a vida de
santo Antônio e sobre a Igreja
Maronita (em referência a são
Marun, monge eremita do século 4º), predominante no país.
Diariamente, há orações e litanias, e, aos domingos, são celebradas cinco missas. Outros
santos importantes são Nimatullah al-Hardini e santa Rafqa.
Ao lado do mosteiro, há uma
caverna à qual se atribuem propriedades curativas. O museu
do local expõe, além de objetos
religiosos, paramentos, quadros e instrumentos agrícolas
antigos, a primeira prensa gráfica do Oriente (do século 16) e
o primeiro texto impresso, o
"Livro dos Salmos", em caracteres siríacos.
"A história dos maronitas e a
origem do Líbano estão totalmente vinculadas ao vale", afirma Wadi Waji Chbat, 54, presidente da Sociedade de Turismo
da Região dos Cedros e de
Bcharre. "Favor respeitar a
santidade deste local", dizem
algumas placas no vale.
"Muitos grupos vêm fazer
trekking", diz Chbat, dono do
hotel de mesmo nome na cidade de Bcharre.
Em dezembro de 1988, a
Unesco declarou o mosteiro, o
vale e os cedros do Líbano patrimônio da humanidade.
(PDF)
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