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ECOTURISMO PEGA FOGO
Visitantes podem ir ao pico das Agulhas Negras, mas o acesso às Prateleiras se mantém fechado
Itatiaia reabre parte alta com regras novas
DA REPORTAGEM LOCAL
O pico das Agulhas Negras, um
dos pontos mais altos do país e
meca de alpinistas e "trekkers",
poderá ser novamente visitado a
partir deste fim de semana. O
acesso ao local foi fechado depois
que o Parque Nacional do Itatiaia,
onde está localizado, passou por
um incêndio que destruiu 600
hectares da região em julho.
Com 2.787 metros de altitude, o
Agulhas Negras é a principal atração da parte alta do parque, que
fica nas encostas e no topo da serra da Mantiqueira, a 234 quilômetros de São Paulo.
Agora, essa parte alta do Itatiaia
será parcialmente reaberta no dia
1º de setembro. A visitação, porém, deverá seguir normas mais
rigorosas, elaboradas por um grupo de trabalho que envolveu biólogos, guias e a administração do
parque (veja quadro nesta página). As novas medidas incluem
acompanhamento obrigatório de
guia cadastrado e limite no número de visitantes em alguns pontos.
Além do Agulhas Negras, também poderão ser visitadas as pedras do Couto e do Altar e a cachoeira do Aiuruóca, atrações situadas em meio a uma paisagem
de pedras e rochas de diversos tamanhos espalhadas pela vegetação rasteira, denominada campos
de altitude.
Os guias terão de utilizar tarjas
coloridas, e cada cor indicará o
destino do grupo que ele estará
conduzindo.
Chegar ao alto do Agulhas Negras exige preparo físico, pois a
subida, de cerca de duas horas, é
puxada. Dependendo do caminho tomado, é preciso ainda ter
experiência, pois há alguns trechos que pedem o uso de cordas
de segurança.
O que permanece fechado é o
acesso para a trilha do maciço das
Prateleiras. Pelo menos até o fim
do ano. Formação rochosa a 2.540
m de altitude, de onde é possível
avistar, nos dias claros, todo o Vale do Paraíba, as Prateleiras foram
o ponto mais atingido pelo fogo,
que começou em sua trilha quando dois excursionistas, um de 22
anos e outro de 14 anos, acenderam uma fogueira que se alastrou
pela mata seca.
Medidas de emergência
Criado em 1937 por decreto do
então presidente Getúlio Vargas,
o Itatiaia foi o primeiro parque
nacional do país, na divisa dos Estados do Rio de Janeiro e Minas
Gerais, com 300 km2.
A parte alta corresponde a 17%
dessa área. O restante, chamado
de parte baixa, continua aberto à
visitação (leia texto ao lado).
De acordo com Anderson Naves, 27, presidente do Grupo Excursionista Agulhas Negras
(Gean), que participou das discussões para a reabertura da parte
alta, as medidas são emergenciais,
adotadas para não manter a área
totalmente fechada.
"O parque foi bastante atingido,
mas há pessoas do setor privado
que também dependem dele", diz
Naves, que atua ainda como guia
na região. Ele calcula que o acompanhamento de um guia deverá
custar cerca de R$ 10 para cada turista, em grupos completos.
O auge da visitação à parte alta
do Itatiaia acontece nos meses de
inverno (junho a agosto), e o feriado de Sete de Setembro é considerado ponto de pressão, devido
à procura maior. Essa demanda
deverá seguir agora o limite recém-estabelecido pelo parque.
Pesquisas
Os campos de altitude do Itatiaia atraem muitos pesquisadores, de acordo com Léo Nascimento, 52, gerente do parque nacional. Há espécies endêmicas de
plantas na região.
"[O fogo" queimou exatamente
onde os pesquisadores trabalhavam", lamenta Nascimento.
"Tem planta que a gente nunca
vai saber que existiu." Funcionários do parque, biólogos e guias
deverão fazer um acompanhamento da recuperação da cobertura vegetal e das trilhas da região.
Essa recuperação depende das
chuvas, que devem acontecer em
outubro e acabar com a seca que
já dura cinco meses.
(CHIAKI KAREN TADA)
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