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Museus dissecam baleias vivas ou mortas
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A IMBITUBA
A pequena Imbituba (SC), 80
km ao sul de Florianópolis, sempre se orgulhou de ter baleias como principal fonte de riqueza,
embora de maneiras diferentes.
Até o início dos anos 70, esses
mamíferos só tinham utilidade
depois de mortos. Hoje o turismo
de observação de baleias as tornam mais lucrativas vivas. Tanto
que em 2000 foi criada a Área de
Proteção Ambiental da Baleia
Franca, que abrange cerca de 130
km do litoral e mais de 156 mil
hectares de águas costeiras.
Como foi o último local a matar
uma baleia no país, em 1973, Imbituba foi escolhida para acolher
dois centros sobre o cetáceo, ambos inaugurados no mês passado.
O Museu da Baleia, na praia do
Porto, conta a história da matança
desses animais, iniciada ainda no
século 18. A primeira estação baleeira da região começou a funcionar em 1793, em Garopaba.
Entre junho e novembro, as baleias migram da Antártida para a
costa brasileira para dar à luz e
amamentar. Como ficam a apenas 30 m da praia, as francas eram
presas fáceis para os caçadores.
Depois de mortas, eram rebocadas para a praia e retalhadas. Seus
pedaços iam direto para os reservatórios das estações baleeiras para a extração de óleo.
A matéria-prima era ingrediente da argamassa utilizada em casas e prédios públicos da região.
Outras partes dos animais eram
aproveitadas na produção de objetos como espartilhos e pentes.
O galpão que abriga o museu foi
construído justamente sobre a última estação baleeira do Brasil e
tenta reproduzir as instalações da
época. O visitante observa o funcionamento das máquinas que
processavam o óleo das baleias, vê
fotos e objetos daquele período e
assiste a entrevistas com ex-caçadores numa sala de exibição.
O museu, único dedicado às baleias na América Latina, foi erguido em 90 dias com dinheiro de
doações, principalmente de empresários da região. Estima-se que
foram gastos R$ 100 mil na obra.
"O principal objetivo é resgatar
a história das baleias em nosso litoral", explica o empresário Evaldo Marcos, um dos doadores. Em
breve, o local receberá também
exposições itinerantes, concursos
de fotos e pinturas para atrair ainda mais a atenção dos visitantes.
"Imbituba é uma região carente,
e a inauguração do museu amplia
o leque de opções para seus moradores", diz Emerson Silveira, que
cuida da parte administrativa do
Projeto Baleia Franca.
Baleia viva
Já o Centro Nacional de Conservação da Baleia Franca, na praia
de Itapirubá, conta a segunda parte dessa história. Com mapas, fotos, objetos e um observatório de
onde se avistam os animais a olho
nu, ele se dedica às baleias vivas.
O centro também é sede do Projeto Baleia Franca (www.baleiafranca.org.br)
, que faz pesquisas,
monitoramentos e projetos de
conscientização e educação para a
preservação da espécie.
Com a criação desses dois centros, ambientalistas, voluntários e
empresários querem mostrar à
população local a importância
dos animais para a economia da
região. Hoje, o turismo de observação de baleias é um dos que
mais crescem no mundo. Ele atrai
9 milhões de pessoas e movimenta aproximadamente US$ 1 bilhão
por ano em 87 países.
Tatiana Cunha viajou a convite da New
Millennium Promoções e Eventos.
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