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São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2003

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Museus dissecam baleias vivas ou mortas

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A IMBITUBA

A pequena Imbituba (SC), 80 km ao sul de Florianópolis, sempre se orgulhou de ter baleias como principal fonte de riqueza, embora de maneiras diferentes.
Até o início dos anos 70, esses mamíferos só tinham utilidade depois de mortos. Hoje o turismo de observação de baleias as tornam mais lucrativas vivas. Tanto que em 2000 foi criada a Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca, que abrange cerca de 130 km do litoral e mais de 156 mil hectares de águas costeiras.
Como foi o último local a matar uma baleia no país, em 1973, Imbituba foi escolhida para acolher dois centros sobre o cetáceo, ambos inaugurados no mês passado.
O Museu da Baleia, na praia do Porto, conta a história da matança desses animais, iniciada ainda no século 18. A primeira estação baleeira da região começou a funcionar em 1793, em Garopaba.
Entre junho e novembro, as baleias migram da Antártida para a costa brasileira para dar à luz e amamentar. Como ficam a apenas 30 m da praia, as francas eram presas fáceis para os caçadores. Depois de mortas, eram rebocadas para a praia e retalhadas. Seus pedaços iam direto para os reservatórios das estações baleeiras para a extração de óleo.
A matéria-prima era ingrediente da argamassa utilizada em casas e prédios públicos da região. Outras partes dos animais eram aproveitadas na produção de objetos como espartilhos e pentes.
O galpão que abriga o museu foi construído justamente sobre a última estação baleeira do Brasil e tenta reproduzir as instalações da época. O visitante observa o funcionamento das máquinas que processavam o óleo das baleias, vê fotos e objetos daquele período e assiste a entrevistas com ex-caçadores numa sala de exibição.
O museu, único dedicado às baleias na América Latina, foi erguido em 90 dias com dinheiro de doações, principalmente de empresários da região. Estima-se que foram gastos R$ 100 mil na obra.
"O principal objetivo é resgatar a história das baleias em nosso litoral", explica o empresário Evaldo Marcos, um dos doadores. Em breve, o local receberá também exposições itinerantes, concursos de fotos e pinturas para atrair ainda mais a atenção dos visitantes.
"Imbituba é uma região carente, e a inauguração do museu amplia o leque de opções para seus moradores", diz Emerson Silveira, que cuida da parte administrativa do Projeto Baleia Franca.

Baleia viva
Já o Centro Nacional de Conservação da Baleia Franca, na praia de Itapirubá, conta a segunda parte dessa história. Com mapas, fotos, objetos e um observatório de onde se avistam os animais a olho nu, ele se dedica às baleias vivas.
O centro também é sede do Projeto Baleia Franca (www.baleiafranca.org.br) , que faz pesquisas, monitoramentos e projetos de conscientização e educação para a preservação da espécie.
Com a criação desses dois centros, ambientalistas, voluntários e empresários querem mostrar à população local a importância dos animais para a economia da região. Hoje, o turismo de observação de baleias é um dos que mais crescem no mundo. Ele atrai 9 milhões de pessoas e movimenta aproximadamente US$ 1 bilhão por ano em 87 países.


Tatiana Cunha viajou a convite da New Millennium Promoções e Eventos.


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