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Casais e filhotes de baleias acompanham barco com turistas em Abrolhos a cerca de 100 metros de distância
Entrosamento com jubartes depende de sorte e de são Pedro
DIEGO ASSIS
EM ABROLHOS (BA)
Um pouco de sorte, colaboração
de são Pedro e um olhar atento.
Infelizmente não é sempre que se
consegue ver as já famosas baleias
jubartes do parque nacional de
Abrolhos. Vale a pena reservar os
passeios de barco com antecedência, pois suas saídas dependem do
número de interessados e do tempo. Ao subir na lancha, não pode
faltar na bagagem de mão uma
câmera devidamente preparada.
Fazia sol, e o protetor solar parecia não mais fazer efeito. Um casal
de paulistas comemorava que,
após quase seis anos de tentativas
insistentes, finalmente conseguia
embarcar no passeio. Tudo tem
que ajudar: as estradas, o tempo, o
mar, as embarcações e, claro, a
agenda das baleias.
Um garotinho que viajava com
a família quebrou o silêncio daqueles que aproveitavam para pegar uma cor: "Pai, eu vi!".
Virei a cabeça para o lado desacreditado. Firmei os olhos míopes
e vi, ao longe, um pequeno jato
d'água que poderia tanto ser o resultado da água batendo contra
uma pedra qualquer ou, na melhor das opções, um pássaro mergulhando para buscar a sua comida fresca na superfície do mar.
Que nada, era a dita cuja! Por reflexo, destampei a lente da câmera
e "clique". Uma foto. "Clique".
Duas fotos. "Clique". Três, para
garantir. Nessas horas faz muita
falta uma lente teleobjetiva.
Não deu tempo de tampar novamente a câmera. Na direção
oposta, uma outra bichona levantou o rabo e fez aquela que é a
marca registrada das jubartes: balançou a cauda para frente, para
trás e voltou a mergulhar.
Em poucos minutos, a tripulação de uma dúzia de turistas já estava toda com as suas máquinas
fotográficas na mão buscando a
melhor imagem que pudesse representar aquele momento único
de interação com o animal.
Minutos depois, o timoneiro
baixaria a marcha da lancha e, silenciosa, uma outra jubarte nadaria por debaixo da embarcação.
Com seus quase 15 metros, poderia ter chacoalhado a lancha com
violência, mas, jubartes, meu
amigo, têm sua elegância.
O passeio prosseguiu, e os passageiros desceram na ilha de Siriba, literalmente tomada pelos atobás. Tranquilos, chocando e protegendo os filhotes. Tempo para o
mergulho. Uma tartaruga, submersa, posava para fotos.
No trajeto de volta, de quase três
horas de duração, casais, exemplares únicos e filhotes de baleias
acompanhavam o barco a uns
cem metros de distância (sim, um
binóculo teria sido uma ótima
idéia). Cerca de 1.600 exemplares
do cetáceo migram da Antártida
todo o ano para a costa brasileira.
Fora alguns contratempos com
o motor do barco, passageiros
chegaram a terra firme quando o
sol já se punha, embora ele tenha
deixado lembranças ardidas na
pele de cada um.
E eu, com os meus 26 fotogramas batidos -que, depois, descobri praticamente inidentificáveis-, só me lembrava mesmo
era das benditas baleias.
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