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RECIFE DAS ARTES
Universidade do Estado faz pesquisa arqueológica para reerguer monumento criado em 1637
Sinagoga será centro de cultura judaica
em Pernambuco
A rua hoje denominada de Bom
Jesus e principal foco de revitalização do Recife era, ironicamente,
conhecida como a rua dos Judeus.
O bairro do Recife serviu como
refúgio dos judeus durante a dominação holandesa (1630-1654).
Essa é outra faceta histórica importante que está vindo à tona durante a revitalização local.
No início deste mês um tribunal
rabínico anunciou a descoberta
de um poço e uma espécie de piscina, de cerca de 350 anos, provavelmente utilizados pelos judeus
para o "mikve", um ritual de banhos de purificação no qual o corpo é imerso em água captada de
manancial ou da chuva.
Isso comprova os relatos históricos que afirmam ter existido no
local a primeira sinagoga das
Américas, a Kahal Zur Israel (Rochedo de Israel), criada em 1637.
Na rua do Bom Jesus, no subsolo
de um dos dois sobrados que hoje
estão no terreno onde existia a sinagoga, a estrutura encontrada
para o "mikve" tem medidas baseadas na tradição judaica.
A vinda dos judeus
Em 1630, os holandeses invadiram Olinda e em seguida foram
para Recife. Junto com eles vieram cristãos-novos e judeus que
antes moravam em Amsterdã.
Fugindo das perseguições da Inquisição em Portugal e na Espanha, eles haviam encontrado segurança na capital holandesa para
praticar sua fé ou fazer negócios.
Havia uma estreita faixa de terra
que ligava Olinda a Recife. Esse
istmo, que tinha aproximadamente 80 metros de largura, era
banhado de um lado pelo mar e
do outro pelo rio Beberibe.
Os judeus recém-chegados começaram a aterrar o rio no sentido leste-oeste e iniciaram construções sobre o aterro, o que fez o
istmo crescer, colocando o rio em
seu atual leito, segundo o arqueólogo Marcos Albuquerque, 57,
professor da Universidade Federal de Pernambuco.
A comunidade israelita de Pernambuco resolveu reerguer a sinagoga há cerca de dois anos.
Para garantir ao projeto um suporte científico, está sendo feita
uma pesquisa arqueológica, financiada pela Fundação Filantrópica Safra e executada pelo Laboratório de Arqueologia do Departamento de História da Universidade Federal de Pernambuco.
Depois da pesquisa, será encaminhado um relatório detalhado
de todas as ocorrências para que
se realize a reconstrução do monumento, que deve se transformar em um centro de referência
da cultura judaica em Recife.
(ROBERTO DE OLIVEIRA)
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