France Presse

Regata de rabelos, barcos tradicionais que navegam no Rio Douro, no Porto

ROBERTO DE OLIVEIRA
enviado especial a Portugal

Porto saiu ilesa do terremoto de 1755, que destruiu boa parte da capital, Lisboa, para nos envolver em seus estilos arquitetônicos labirínticos, onde vasculhar as ruas de granito funciona como passaporte para um cenário da Idade Média.
Nos pequenos edifícios, o colorido das roupas nos varais das sacadas, às vezes, contrasta, outras, se funde com os desenhos dos azulejos das fachadas, criando um mosaico de imagens. A própria história da cidade se confunde com a de Portugal, a começar pelo nome do país, derivado de Portucale, antigo nome do Porto.
Notável no século 14 graças ao comércio marítimo com países do Mediterrâneo e do norte da Europa, Porto prepara-se agora para ser a capital européia da cultura em 2001 e passa por um processo de restauração do seu centro histórico. A cidade foi eleita pela Unesco patrimônio mundial.
Apesar de ter escapado do terremoto, Porto não impediu que a ação nefasta, típica de centros urbanos, como a degradação, afetasse parte da história da cidade.
Porto e Lisboa disputam o posto da cidade portuguesa mais importante. Como diz um ditado português: "Lisboa canta, Porto trabalha". Para alguns, a fama vem da época dos "tripeiros", quando moradores abasteciam com carne nobre os soldados da Primeira Guerra Mundial e faziam iguarias das vísceras e tripas que sobravam.
Na opinião de outros, a lenda se originou na resistência das videiras encravadas no solo predominante na região: o xisto.
Porto está às margens do rio Douro, que percorre cidades históricas, povoados e vilarejos. É o rio que separa Porto da vizinha Vila Nova de Gaia, onde estão cerca de 80 caves, lugares em que são guardados os tonéis para envelhecimento do famoso vinho do Porto.
Arraste os pés pela região da Ribeira, parte baixa da cidade do Porto. Descanse-os na igreja de São Francisco, no centro histórico, de interior barroco e com detalhes esculpidos que nos remete às estruturas góticas do século 14. Visite também a torre dos Clérigos, o palácio da Bolsa (testemunha fiel da histórica importância comercial da cidade) e a catedral Sé, do século 12, toda de granito e, ao que parece, imune aos abalos sísmicos.