São Paulo, Segunda-feira, 28 de Junho de 1999
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IBÉRIA
Terra do vinho do Porto é considerada a mais antiga com denominação de origem do mundo, datada de 1755
Aroma vinícola predomina no rio Douro

do enviado especial a Portugal

Para relaxar, um passeio divertido que pode agradar tanto a jovens como a adultos (e ainda mais à criançada) é percorrer o rio Douro à procura da terra de onde sai o famoso vinho do Porto, produto símbolo de Portugal e um dos principais destaques da sua pauta de exportação.
Em Portugal, dizem que não existe nenhum segredo para produzir o vinho do Porto. Ele seria simplesmente o resultado de uma alquimia entre terra, clima e arte. Pura modéstia.
Há séculos o rio Douro e o vinho do Porto são parceiros inseparáveis dentro dessa história saborosa. A geometria das vinhas chama de longe a atenção dos visitantes.
Elas sobem e descem o rio até as montanhas num ambiente de silêncio que acaba tornando o vento um movimento ensurdecedor.
Parreiras de uva e as vinícolas crescem e se desenvolvem no vale do rio Douro. Tem sido assim há tempos. Só para ter uma idéia, a região é considerada a mais antiga com denominação de origem do mundo, demarcada pela primeira vez em 1755. Isso é história.
Quem for à região norte de Portugal não pode deixar de incluir o vale em seu roteiro.
Estar na região norte portuguesa é necessariamente trafegar pelo Douro e suas cidades. Seja nos passeios de barco, seja nos de trem.
O ideal é elaborar um plano de viagem que inclua os dois meios de transporte. De um vilarejo para o outro, avistando as pequenas cidades pelo rio ou cruzando-as de trem, de ônibus ou de carro.
Os mais aventureiros podem optar em percorrer suas montanhas de jipe, acompanhados, é claro, de um mapa detalhado da região para não se perder no meio da escalada.
Com a criação de uma rota turística, hotéis, casas de turismo rural e restaurantes surgiram às margens do Douro, sem abrir mão de sua principal vocação, o tradicional vinho do Porto.
Suas histórias são saborosas. Uma delas está relacionada ao Tratado de Methuen (do século 18), que determinava que os portugueses recebessem manufaturados da Inglaterra em troca do seu vinho.
Com a lei, a região do Porto aumentou a produção da bebida, que consequentemente perdeu a qualidade. O problema levou os ingleses a ficarem de olho na produção portuguesa, acompanhando de perto as atividades das vinícolas da região do Douro.
O marquês de Pombal, em 1759, transferiu para o monopólio do governo toda a produção de vinho. Naquela época, o vinho do Porto era a principal garantia de receita portuguesa. Muita gente ficou inconformada. Os ingleses acabaram tomando conta da produção novamente.
Ironia da história, a maior parte das vinícolas está hoje nas mãos dos ingleses. Boa parte delas pode ser visitada pelo público. Sirva-se.

Cruzeiros
Nos vales serpenteantes do Douro e dos seus muitos afluentes, as videiras crescem nos socalcos construídos há séculos, ou nas encostas abruptas e pedregosas.
Para ter um panorama bem próximo dessa paisagem histórica e cultural, há um série de cruzeiros pelo rio.
Um deles sai de Peso da Régua, passa pela barragem de Bagaúste e chega até a simpática e pequenina Pinhão. Somente as pinturas em azulejos na estação de trem de Pinhão valem o passeio.
De Peso da Régua saem diversos cruzeiros pelo Douro, com diferentes roteiros e preços, que variam de 1.500 a 20 mil escudos, dependendo da rota e da inclusão ou não de refeições.
A realização de qualquer cruzeiro depende, é claro, de um número mínimo de participantes.
Portanto recomenda-se ao turista ligar antes de sair do local onde estiver hospedado. Folhetos informativos não faltam em hotéis, restaurantes e lojas sobre esses tipos de passeio. (ROBERTO DE OLIVEIRA)

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