São Paulo, Segunda-feira, 28 de Junho de 1999
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IBÉRIA
Cidade que sempre se renovou com movimentos artísticos, esportivos e tecnológicos tem mais vida nesta época
Verão parece derreter prédios de Barcelona

BRUNO BLECHER
enviado especial a Barcelona

Barcelona não perde a irreverência. O verão "caliente" e luminoso do Mediterrâneo inspira os artistas de rua nas Ramblas, enche de vida os cafés e os bares, avermelha, nas praias, os alvos corpos germânicos, agita as danceterias e parece derreter, ainda mais, as formas disformes da arquitetura modernista. A cidade de Miró e Gaudí, que acolheu artistas excêntricos como Picasso e Salvador Dalí, anarquistas e socialistas, mantém seu espírito travesso, herança do movimento separatista e da guerra contra Franco.
Uma das características da capital da Catalunha é sua capacidade de se renovar a partir de grandes eventos culturais, tecnológicos e esportivos. Foi assim em 1929, quando Barcelona construiu um conjunto de edifícios na colina de Montjuic, como o Palácio Nacional, e uma avenida repleta de fontes (Avinguda de la Reina Maria Cristina) para ser sede de uma feira internacional de tecnologia.
Depois da feira, em 1934, o palácio foi transformado no Museu Nacional de Arte da Catalunha, que mantém um dos maiores acervos de arte românica do mundo, com destaque para uma série de afrescos do século 12.
Em 1992, uma antiga área industrial, à beira-mar, deu lugar a uma moderna cidade de 650 mil m2 para acolher os atletas das Olimpíadas. Terminados os jogos, a Vila Olímpica, com cerca de 2.000 apartamentos, parques, duas torres de 44 andares e uma marina com cafés e restaurantes (Porto Olímpico), virou mais um bairro da cidade catalã.
Também Montjuic ganhou novos prédios com as Olimpíadas de 92. O estádio construído em 1936 para a realização de uma espécie de "olimpíadas alternativas", evento depois suspenso por causa da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), foi remodelado, mas manteve sua fachada neoclássica.
Grandes eventos estão sendo programados para o novo milênio, entre eles "La Fiesta de Todas las Culturas", um grande festival mundial de artes, em 2004. Mais uma oportunidade para a cidade ganhar novas atrações.

Bairro gótico
Perder-se pelas ruelas estreitas do bairro gótico e de La Ribera para descobrir, aos poucos, seus palácios e mansões, a maioria construída entre os séculos 12 e 15, é entrar na Idade Média.
Esse roteiro medieval começa na igreja Santa Maria del Mar, em La Ribera, para terminar na catedral de Barcelona. Construída em tempo recorde para a época (apenas 55 anos), a igreja, de estilo gótico catalão, data do século 14.
Bem ao lado da igreja, uma curiosidade: a Casa Gispert, que, desde 1851, vende frutas secas, produzidas em forno a lenha.
A rua Montcada abriga galerias de arte, o Museu Picasso e o Museu Têxtil e de Indumentária.
O passeio pelo bairro gótico termina na praça da Catedral, onde todos os domingos e feriados, ao som de uma pequena orquestra, jovens e velhos formam grandes rodas para dançar a sardana.
A catedral de Barcelona começou a ser construída em 1298, sob Jaime 2º. Seu exterior é gótico, exceto o portal do lado sul, que data do século 11. Próxima à pia batismal, uma placa registra o batismo de seis índios do Caribe que foram levados à Espanha por Cristóvão Colombo em 1493.


Bruno Blecher viajou a convite do Centro Oficial de Turismo Espanhol (SP) e da Spanair.


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