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IBÉRIA
Cidade que sempre se renovou com movimentos artísticos, esportivos e tecnológicos tem mais vida nesta época
Verão parece derreter prédios de Barcelona
BRUNO BLECHER
enviado especial a Barcelona
Barcelona não perde a irreverência. O verão "caliente" e luminoso
do Mediterrâneo inspira os artistas de rua nas Ramblas, enche de
vida os cafés e os bares, avermelha, nas praias, os alvos corpos
germânicos, agita as danceterias e
parece derreter, ainda mais, as
formas disformes da arquitetura
modernista. A cidade de Miró e
Gaudí, que acolheu artistas excêntricos como Picasso e Salvador
Dalí, anarquistas e socialistas,
mantém seu espírito travesso, herança do movimento separatista e
da guerra contra Franco.
Uma das características da capital da Catalunha é sua capacidade
de se renovar a partir de grandes
eventos culturais, tecnológicos e
esportivos. Foi assim em 1929,
quando Barcelona construiu um
conjunto de edifícios na colina de
Montjuic, como o Palácio Nacional, e uma avenida repleta de fontes (Avinguda de la Reina Maria
Cristina) para ser sede de uma feira internacional de tecnologia.
Depois da feira, em 1934, o palácio foi transformado no Museu
Nacional de Arte da Catalunha,
que mantém um dos maiores
acervos de arte românica do mundo, com destaque para uma série
de afrescos do século 12.
Em 1992, uma antiga área industrial, à beira-mar, deu lugar a uma
moderna cidade de 650 mil m2 para acolher os atletas das Olimpíadas. Terminados os jogos, a Vila
Olímpica, com cerca de 2.000
apartamentos, parques, duas torres de 44 andares e uma marina
com cafés e restaurantes (Porto
Olímpico), virou mais um bairro
da cidade catalã.
Também Montjuic ganhou novos prédios com as Olimpíadas de
92. O estádio construído em 1936
para a realização de uma espécie
de "olimpíadas alternativas",
evento depois suspenso por causa
da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), foi remodelado, mas manteve sua fachada neoclássica.
Grandes eventos estão sendo
programados para o novo milênio,
entre eles "La Fiesta de Todas las
Culturas", um grande festival
mundial de artes, em 2004. Mais
uma oportunidade para a cidade
ganhar novas atrações.
Bairro gótico
Perder-se pelas ruelas estreitas
do bairro gótico e de La Ribera para descobrir, aos poucos, seus palácios e mansões, a maioria construída entre os séculos 12 e 15, é entrar na Idade Média.
Esse roteiro medieval começa na
igreja Santa Maria del Mar, em La
Ribera, para terminar na catedral
de Barcelona. Construída em tempo recorde para a época (apenas 55
anos), a igreja, de estilo gótico catalão, data do século 14.
Bem ao lado da igreja, uma curiosidade: a Casa Gispert, que, desde 1851, vende frutas secas, produzidas em forno a lenha.
A rua Montcada abriga galerias
de arte, o Museu Picasso e o Museu Têxtil e de Indumentária.
O passeio pelo bairro gótico termina na praça da Catedral, onde
todos os domingos e feriados, ao
som de uma pequena orquestra,
jovens e velhos formam grandes
rodas para dançar a sardana.
A catedral de Barcelona começou a ser construída em 1298, sob
Jaime 2º. Seu exterior é gótico, exceto o portal do lado sul, que data
do século 11. Próxima à pia batismal, uma placa registra o batismo
de seis índios do Caribe que foram
levados à Espanha por Cristóvão
Colombo em 1493.
Bruno Blecher viajou a convite do Centro Oficial de Turismo Espanhol (SP) e da Spanair.
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