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São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2003

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MAPA DA LUSOFILIA

Bairro da Ribeira reúne boemia e fica perto das caves com o famoso vinho do Porto, do outro lado do rio

Cruzar o Douro aguça papilas gustativas

ENVIADA ESPECIAL A PORTUGAL

Ribeira. É aí que deve se hospedar quem vai ao Porto. À beira do rio Douro, o bairro concentra a arquitetura do centro da cidade, a boemia e a proximidade às caves de vinho do Porto, reunidas na outra margem do rio, na Vila Nova de Gaia.
O centro histórico do Porto é patrimônio da humanidade. De pronto, um passeio pela manhã imerge o recém-chegado no clima português. Há igrejas, ruelas que levam qualquer um a se perder e casarões seculares.
O Porto está em reforma. Há monumentos sendo restaurados e casas cobertas por andaimes. O aeroporto passa por uma ampliação, e há um estádio sendo construído. Portugal será a sede da Eurocopa em 2004. Nove estádios estão sendo erigidos pelo país.
Deixando o que vai ficar pronto de lado e aproveitando o que já existe, visite a igreja de São Francisco de Assis, erguida no século 13. Ao sair de lá, um passeio à beira-rio até os Muros do Coberto da Ribeira apresenta ao visitante um hábito da cidade: a pesca. Senhores com bonezinhos de lã usam iscas de borracha para pescar. Ali conversam e bebem uns copos, maneira portuguesa de dizer tomar uma cerveja com os amigos.
Os muros são um resquício medieval tomado por lojas de lembranças, barracas de frutas e excelentes restaurantes.
No meio do caminho, entre a igreja e os muros, fica a casa de Gomes de Sá. Presença certa em botecos brasileiros, nos quais seu nome figura em lousas anunciando o bacalhau à sua moda, Gomes de Sá nasceu ali, olhando para o Douro, e de lá inventou a mistura de bacalhau, ovos, batatas, cebolas, alhos e azeitonas que se popularizou para além-mar.
Cruzar o Douro para conhecer a Vila Nova de Gaia significa necessariamente passar por uma ponte célebre: a D. Luís 1º, construída em 1886 pela empresa Willebroeck e projetada por Theóphile Seyrig, que trabalhou para Gustav Eiffel. O patrão de Seyrig, por sinal, é autor do projeto de outra ponte que cruza o rio: a Dona Maria Pia, inaugurada em 1877.
Na outra margem do rio, ficam as caves de vinho do Porto. Ali, aprende-se que o vinho pode ser de diversos tipos: branco, branco seco, tawny, rubi e vintage, e prova-se todos eles, de acordo com a disposição do visitante.
A visita às caves serve de aperitivo para um passeio pelo Douro, onde são cultivadas as uvas usadas na produção do vinho. No site www.ivp.pt/pt/Turismo, há o contato de todas elas. Na cave Adriano Ramos Pinto, um museu guarda cartazes antigos que anunciavam o vinho. Na cave Burmester, outro museu apresenta materiais usados na produção do vinho antigamente.
Ainda em Vila Nova de Gaia, o mosteiro da Serra do Pilar, encarapitado no topo de uma colina, é um mirante para o Porto, que se exibe todo irregular. Um fim de tarde ali dá ânimo para encarar a vida noturna das quintas, sextas e sábados na cidade; nos outros dias, não há vivalma pelas ruas.
Nos dias certos, a região fica tomada de mesas nas calçadas, onde são servidos finos e prego no pão. Traduzindo: chope e churrasco no pão. Mas fuja do churrasco. Os portugueses são ótimos cozinheiros, mas bife bom é o nosso, não o deles.
Todo de vidro, na beira do rio, o bar Cais da Ribeira (4.050, Porto) é inspirador: ali o som ambiente é sempre o jazz, e, à noite, a vista é da ponte D. Luís 1º, toda iluminada. (HELOISA LUPINACCI)


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