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MAPA DA LUSOFILIA
Bairro da Ribeira reúne boemia e fica perto das caves com o famoso vinho do Porto, do outro lado do rio
Cruzar o Douro aguça papilas gustativas
ENVIADA ESPECIAL A PORTUGAL
Ribeira. É aí que deve se hospedar quem vai ao Porto. À beira do
rio Douro, o bairro concentra a
arquitetura do centro da cidade, a
boemia e a proximidade às caves
de vinho do Porto, reunidas na
outra margem do rio, na Vila Nova de Gaia.
O centro histórico do Porto é
patrimônio da humanidade. De
pronto, um passeio pela manhã
imerge o recém-chegado no clima
português. Há igrejas, ruelas que
levam qualquer um a se perder e
casarões seculares.
O Porto está em reforma. Há
monumentos sendo restaurados
e casas cobertas por andaimes. O
aeroporto passa por uma ampliação, e há um estádio sendo construído. Portugal será a sede da Eurocopa em 2004. Nove estádios
estão sendo erigidos pelo país.
Deixando o que vai ficar pronto
de lado e aproveitando o que já
existe, visite a igreja de São Francisco de Assis, erguida no século
13. Ao sair de lá, um passeio à beira-rio até os Muros do Coberto da
Ribeira apresenta ao visitante um
hábito da cidade: a pesca. Senhores com bonezinhos de lã usam iscas de borracha para pescar. Ali
conversam e bebem uns copos,
maneira portuguesa de dizer tomar uma cerveja com os amigos.
Os muros são um resquício medieval tomado por lojas de lembranças, barracas de frutas e excelentes restaurantes.
No meio do caminho, entre a
igreja e os muros, fica a casa de
Gomes de Sá. Presença certa em
botecos brasileiros, nos quais seu
nome figura em lousas anunciando o bacalhau à sua moda, Gomes
de Sá nasceu ali, olhando para o
Douro, e de lá inventou a mistura
de bacalhau, ovos, batatas, cebolas, alhos e azeitonas que se popularizou para além-mar.
Cruzar o Douro para conhecer a
Vila Nova de Gaia significa necessariamente passar por uma ponte
célebre: a D. Luís 1º, construída
em 1886 pela empresa Willebroeck e projetada por Theóphile
Seyrig, que trabalhou para Gustav
Eiffel. O patrão de Seyrig, por sinal, é autor do projeto de outra
ponte que cruza o rio: a Dona Maria Pia, inaugurada em 1877.
Na outra margem do rio, ficam
as caves de vinho do Porto. Ali,
aprende-se que o vinho pode ser
de diversos tipos: branco, branco
seco, tawny, rubi e vintage, e prova-se todos eles, de acordo com a
disposição do visitante.
A visita às caves serve de aperitivo para um passeio pelo Douro,
onde são cultivadas as uvas usadas na produção do vinho. No site www.ivp.pt/pt/Turismo, há o contato de todas
elas. Na cave Adriano Ramos Pinto, um museu guarda cartazes antigos que anunciavam o vinho. Na
cave Burmester, outro museu
apresenta materiais usados na
produção do vinho antigamente.
Ainda em Vila Nova de Gaia, o
mosteiro da Serra do Pilar, encarapitado no topo de uma colina, é
um mirante para o Porto, que se
exibe todo irregular. Um fim de
tarde ali dá ânimo para encarar a
vida noturna das quintas, sextas e
sábados na cidade; nos outros
dias, não há vivalma pelas ruas.
Nos dias certos, a região fica tomada de mesas nas calçadas, onde são servidos finos e prego no
pão. Traduzindo: chope e churrasco no pão. Mas fuja do churrasco. Os portugueses são ótimos
cozinheiros, mas bife bom é o
nosso, não o deles.
Todo de vidro, na beira do rio, o
bar Cais da Ribeira (4.050, Porto)
é inspirador: ali o som ambiente é
sempre o jazz, e, à noite, a vista é
da ponte D. Luís 1º, toda iluminada.
(HELOISA LUPINACCI)
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