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São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2003

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Quintas ocupam arquibancadas de uvas

DA ENVIADA ESPECIAL

Touriga branca, touriga nacional, tinta roriz, tinta barroca, tinto cão. Esses são alguns dos nomes das uvas que crescem na região do Douro e em todo o território português. Cabernet sauvignon, merlot e outros tipos franceses não têm espaço nas plantações dali.
As uvas são cultivadas no vale do Douro, a região demarcada mais antiga do mundo. Em 1756, o Alto Douro ganhou a exclusividade de produzir vinho do Porto. O resto é vinho licoroso.
A região é tombada pela Unesco como patrimônio da humanidade. Pode ser curioso uma plantação ser tombada, mas basta espiar uma vez para ver que não se trata de uma simples lavoura.
São quilômetros de plantações em patamares como arquibancadas voltadas para o rio, que passa vigoroso lá em baixo.
Esses patamares são feitos com pedras do solo xistoso da região. Para sustentar as paredes dos patamares, os agricultores fazem muros encaixando as pedras que tiram do solo. Datam dos séculos 3º e 4º os primeiros vestígios da produção de vinho ali.
O passeio pelo Douro pode ser feito de carro e de barco, a partir do Porto. Caso queira ficar hospedado por ali, duas cidades oferecem estrutura hoteleira: Régua e Pinhão, esta a capital do Douro.
No passeio, visite alguma quinta. Entre no site www.ivp.pt/pt/Turismo/turismo1.shtm, escolha uma quinta e se informe sobre o funcionamento. Há visitas guiadas simples, com degustação e com almoço. Aos poucos, algumas quintas começam a aceitar hóspedes.
O melhor mês do ano para conhecer a região é setembro, por causa da vindima.
A vindima é a colheita. Quando as uvas são colhidas, algumas vão para as máquinas. Outras, as especiais, vão para a pisa.
Essas são deitadas em lagares. E ali acontece a festa, que tem duas partes: o corte da manta e a liberdade. Acordeão, órgão, guitarra e músicos a postos: casais marcham, sincronizadamente, de um extremo ao outro do lagar repleto de uva. Isso acontece até que as cascas tenham sido todas rompidas, e a isso dá-se o nome de corte da manta. Depois, são tocadas músicas de pimba, ou melhor, de baile. E eles dançam sobre as uvas por até quatro horas. Depois, essas uvas são coadas, prensadas, decantadas, fermentadas. A elas é adicionada a água ardente vínica, que pausa a fermentação e faz com que o vinho fique doce, já que parte do açúcar não é fermentado, e licoroso. Então, elas descansam por um tempo em tonéis de madeira velhos -para que não fiquem com gosto de madeira- e são vendidas. (HL)


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