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Judeus de Praga têm protetor
especial para a Folha
Em Praga, há uma sinagoga diferente de todas as outras. Chama-se
"Altneuschul" -antiga nova sinagoga, uma referência ao fato de
que esta era a "nova sinagoga" até
que uma outra foi construída.
A "Altneuschul" adquiriu renome especial por causa de um de
seus rabinos, Judah Loew (1525-1609), também conhecido como
"Maharal".
Grande talmudista, matemático
e filósofo, o rabino Loew tornou-se
objeto de muitas lendas. Conta-se
que ele criou um "Golem", uma
criatura desprovida de alma e com
poderes sobrenaturais, para proteger os judeus de Praga dos seus
perseguidores. Dizem que o corpo
do "Golem" repousa até hoje no
sótão da "Alteuschul", ao qual ninguém jamais teve acesso.
A sinagoga, de 700 anos, possui
uma beleza mística. O ambiente
interno é mal iluminado; o jogo de
sombras convida a baixar a voz e a
andar na ponta dos pés. É um lugar
onde se respira espiritualidade.
Um aspecto interessante na "Alteuschul" é que o púlpito do oficiante é rebaixado, seguindo o costume das antigas sinagogas da Babilônia e da Palestina.
O conceito de descer a um plano
inferior para dirigir o serviço religioso ressalta a humildade como
atributo necessário para quem vai
conduzir a congregação em suas
preces.
O templo holandês
Em Amsterdã, um dos mais imponentes edifícios é o da famosa sinagoga Portuguesa. Foi construída
na década de 1670 e tornou-se um
símbolo do poder e da autoconfiança dos judeus sefarditas que
então viviam na cidade.
Foi a primeira vez na história da
Europa Ocidental que os judeus
puderam construir um templo
desse porte.
É uma evidência de que gozavam
em Amsterdã de uma situação tão
boa que não precisavam se esconder e podiam praticar sua religião
abertamente.
O interior da sinagoga é sóbrio,
conforme a tradição dos protestantes holandeses do século 17.
Os bancos são de madeira escura
e atrás de cada assento há um suporte para uma vela.
Um gigantesco candelabro com
mil velas ilumina o santuário. Até
hoje, não há luz elétrica nem aquecimento no prédio. A comunidade
judaica local faz questão de manter
a sinagoga exatamente como era.
Monumento britânico
Situada no East End de Londres,
a famosa "Bevis Marks" é a mais
antiga sinagoga da Inglaterra.
Construída em 1701, teve como
modelo a sinagoga Portuguesa de
Amsterdã. Sua história está intimamente ligada ao restabelecimento dos judeus no Reino Unido
quatro séculos após terem sido banidos do país. Considerada um
monumento nacional, "Bevis
Marks" é uma jóia histórico-arquitetônica.
É possível entrar lá dentro e sentar nos mesmos bancos em que os
judeus se sentavam 300 anos atrás.
O lampadário de bronze foi trazido
a Londres por judeus holandeses.
Os sete enormes candelabros pendentes representam os sete dias da
semana.
Os serviços religiosos são oficiados à luz de velas. Dentro da belíssima arca santa de madeira, as capas de veludo e os adornos de prata
que enfeitam os rolos da Torá -livro sagrado do judaísmo- são valiosas peças do século 17. Diante da
arca, dez grandes castiçais simbolizam os Dez Mandamentos. Todo
o cenário é condizente com o nome da sinagoga em hebraico,
"Shaar Hashamayim" (portão dos
céus).
Por fim, é indispensável mencionar a Congregação Israelita Paulista, a maior congregação judaica da
América Latina, que atende hoje
1.800 famílias associadas. Foi fundada em 1936 por judeus alemães
que se viram forçados a deixar sua
terra natal quando os nazistas subiram ao poder.
O nome hebraico da sinagoga é
"Etz Chayim", a árvore da vida. A
CIP, como a chamamos, não é especialmente notável do ponto de
vista arquitetônico. Mas é lá que
exerço o rabinato, há 28 anos, e rezo, em companhia dos meus amigos.
(HIS)
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