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PEDRA RARA
Sítio arqueológico na Jordânia tem construções cravadas em rocha que se revelam por 1,2 km de terreno desértico
Ritual de passagem abrilhanta Petra
GUSTAVO CHACRA
EM PETRA (JORDÂNIA)
Petra? Onde é isso? A pergunta é
recorrente. Essa cidade na Jordânia ainda não se tornou um destino turístico conhecido no Brasil,
diferentemente do que ocorre em
outros países, especialmente na
Europa. Trata-se de um local único, inteiramente esculpido na pedra pelo povo nabateu e que, apesar de parecer distante de outras regiões turísticas, não é tão isolado assim.
Porém, para um brasileiro, é
preciso atravessar o mundo para
ir a Petra. Mas vale a pena a jornada para conhecer essa cidade, a
pouco mais de duas horas de
Amã, a capital da Jordânia, uma
das mais modernas do mundo
árabe, e a quatro horas de Jerusalém -incluindo aí uma hora de
burocracia para atravessar a fronteira israelo-jordaniana.
Há passeios para o sítio arqueológico que saem diariamente dessas duas cidades -partindo no
início da madrugada e retornando à noite-, mas o ideal mesmo é
dormir pelo menos uma noite em
Petra para poder realizar, além da
visita durante o dia, o passeio noturno.
Os turistas precisam se hospedar nos hotéis na vila de Wadi
Musa ou vale de Moisés. Trata-se
de uma pequena localidade jordaniana na qual a maioria dos habitantes vive em função do turismo.
O passeio começa por uma via
que sai da vila de Wadi Musa e segue por cerca de dois quilômetros, passando por obeliscos
-primeiros sinais dos nabateus- até uma fenda dentro de
um desfiladeiro, cujas paredes, de
200 metros de altura em alguns
pontos, foram separadas por forças tectônicas no passado.
No caminho, não há nenhuma
construção. Apenas o terreno
montanhoso e desértico dessa região da Jordânia. Entre os meses
de maio e setembro, a maioria das
pessoas chega bem cedo, para evitar caminhadas debaixo de um sol
que pode elevar a temperatura
para mais de 40C.
O desfiladeiro é uma espécie de
escudo, ou um ritual de passagem
para o que vem a seguir. A fenda,
denominada Siq, tem cerca de 4 m
de largura, e dela parte uma viela
pavimentada pelos nabateus. Do
lado esquerdo, outro sinal de Petra: um pequeno aqueduto, também esculpido na pedra -os nabateus eram exímios no desenvolvimento de sistemas hidráulicos.
Ao longo do caminho, de 1,2 km
de extensão, começam a aparecer
as primeiras "casas" de Petra. Na
verdade, são apenas buracos cavados na pedra. Nenhum deles
tem a riqueza arquitetônica do
que vem a seguir. Após a caminhada, que parece interminável,
começa a se abrir literalmente a
imagem, no fim da fenda, do Tesouro, brilhante, como se tivesse
recebido uma camada de verniz.
O Tesouro é o templo mais importante de Petra, além do monastério Jabal al Deir e do lugar
dos sacrifícios. Outro lugar obrigatório é o Grande Templo. Para
visitar esses pontos é preciso subir
muitos degraus, mas, quem quiser, pode alugar um burro de um
dos beduínos que circulam pela
cidade. Aliás, pelas ruas caminham apenas turistas e alguns beduínos que têm autorização para
comercializar dentro de Petra.
Não há grandes grupos de excursão. Em algumas partes, os beduínos assustam, surgindo do nada para oferecer coisas. Também
é comum observá-los caminhando em pontos tão isolados que
não dá para entender como eles
conseguiram chegar até lá.
Petra parece ter sido, em alguns
pontos, uma cidade coberta por
lava vulcânica, como Pompéia
(Itália). Algumas tribos árabes diziam no passado que Petra não teria sido esculpida. Na verdade, segundo eles, os nabateus foram
punidos por Deus que fez a cidade
ficar toda coberta pelas pedras.
Com seu nome charmoso, Petra
é um dos resquícios mais bem
conservados da rota das especiarias, que vinham do extremo
oriente, atravessando a Pérsia
(hoje Irã) e a região da Arábia
(hoje Arábia Saudita) e chegando
ao Egito, passando ainda muitas
vezes por Damasco, na Síria.
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