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PEDRA RARA
Região floresceu com nabateus, expertos na arte de esculpir, e foi redescoberta pelo suíço Johann Ludwig Burckhardt
Beduínos "esconderam" a cidade até 1812
EM PETRA
Os primeiros sinais de presença
humana em Petra -que em grego significa pedra- datam do século 8º a.C. O primeiro povo a habitar o local, onde ainda não existia Petra, foram os edomitas. A
área era conhecida como Edom.
Esta palavra quer dizer vermelho
-obviamente, uma alusão ao cenário dessa região desértica.
Os edomitas, que sabiam trabalhar bem com tecidos e cerâmica,
controlavam as rotas comerciais
que passavam pela área. No entanto essa via ainda não era tão
importante como viria a se tornar
alguns séculos mais tarde.
Por volta do século 6º a.C, os nabateus começaram a chegar a Petra. Eles integravam uma tribo
árabe nômade e expulsaram aos
poucos os edomitas da região.
A partir do ano 312 a.C, os nabateus assumiram o controle da
área, e Petra começou a florescer.
Nesse período, a rota comercial
entre a Arábia, o Egito e a região
da Síria passava pela terra dos nabateus, e Petra se converteu na
principal cidade desse povo e
num grande centro do comércio
de especiarias.
Outras cidades importantes para os nabateus eram Philadelphia
e Gerasa -atuais Amã e Jerash, a
50 km da capital. Os nabateus esculpiram seus monumentos sob
forte influência egípcia e grega e,
posteriormente, romana e bizantina, o que retrata o caráter cosmopolita desse povo.
Como havia pouca vegetação na
região para extrair madeira, era
mais prático para os nabateus cavar as suas casas e templos em vez
de construí-los, tornando esse povo um dos mais hábeis nesse tipo
de arte em toda a história do
mundo.
Os nabateus também foram um
dos pioneiros no desenvolvimento de sistemas hidráulicos e desenvolveram métodos de conservação de água para que a população não sofresse com os meses de
seca que atingem a região até hoje.
Não há nenhuma fonte grande de
água nos arredores de Petra.
Ao longo do século 1º a.C, os nabateus foram conquistados por
Roma, e Petra se tornou capital de
uma Província do Império Romano. Nessa época, a cidade continuou vivendo um período glorioso, como fica claro no seu anfiteatro romano, esculpido inteiramente em pedra. A população ultrapassou os 30 mil habitantes.
Mais tarde, sob o comando do
Império Bizantino e com a influência da Igreja Ortodoxa, alguns monumentos tiveram a face
alterada, especialmente o maior
de todos, o monastério Jabal al
Deir, que tem a fisionomia das
construções bizantinas, assim como a igreja, localizada ao lado do
Grande Templo, e que só foi descoberta em escavações recentes.
Com a emergência de novas rotas comerciais, Petra entrou em
decadência a partir do século 3º.
E, três séculos mais tarde, sofreu
um grande golpe com a chegada e
a dominação do islã. A partir daí,
Petra ficou esquecida no meio do
que hoje é a Jordânia por muitos
séculos, visitada e habitada apenas por beduínos.
Sua descoberta ocorreu em 1812
graças ao explorador suíço Johann Ludwig Burckhardt.
Os beduínos que habitavam a
área não permitiam que estrangeiros chegassem até lá, temendo
que os que se aproximassem de
Petra fossem magos que quisessem lhes roubar o Tesouro. Poucos europeus sabiam da existência dessa cidade, a
não ser por relatos bíblicos. A
maioria, porém, achava que a cidade tivesse deixado de existir.
Mas, com base em informações
geográficas e bíblicas, o explorador suíço chegou até a cidade e
depois contou a sua experiência
na Europa. Nos anos seguintes,
Petra se tornou um dos destinos
preferidos para o trabalho de arqueólogos.
Os beduínos aos poucos se
acostumaram com a presença dos
turistas e perceberam que podiam
ganhar dinheiro com os visitantes. Até os anos 80, muitos deles
hospedavam e cozinhavam para
estrangeiros em suas casas dentro
de Petra. Temendo que essa prática deteriorasse a situação desse sítio arqueológico -hoje considerado patrimônio mundial da
Unesco- o reino jordaniano
proibiu que eles continuassem vivendo dentro da área de Petra e
desenvolveu um projeto habitacional em Wadi Musa.
Os beduínos ainda podem vender suvenires dentro de Petra.
Muitos deles, conhecendo bem os
caminhos da região, passam as
noites na cidade histórica, escondidos em alguns dos templos esculpidos na pedra, assim como os
seus antepassados nabateus séculos atrás.
(GUSTAVO CHACRA)
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