São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CHEIRO DE CAFÉ
Autodidata, artista retratou opulência da transição do séc. 19 para o séc. 20 no grande porto brasileiro Óleos de Benedito
Calixto capturam a alma santista

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

Nascido em Itanhaém (SP), Benedito Calixto (1853-1927) foi o pintor que plasmou a paisagem santista em óleos nostálgicos, de valor artístico e documental.
Navios e trenzinhos que soltam fumaça, os velhos veleiros comerciais ancorados no cais do porto, o casario e o traçado urbano que, na época, emergiam da opulência da cultura e do comércio de café: do cavalete de Calixto saíram marinhas e paisagens que mostram Santos na transição do século 19 para o século 20.
Sua grande produção pictórica tem características quase poéticas. Mesmo quando, em vez de retratar a paisagem, Calixto usou os pincéis para enaltecer as cenas e os personagens de sua predileção, uma paixão pelo país e pela história brasileira é bastante evidente.
Embora tivesse formação autodidata, o pintor fez sua primeira exposição individual em 1881 e, dois anos mais tarde, partiu para uma viagem de estudos pelo continente europeu, tendo trabalhado em ateliês de renome em Paris e em Lisboa.

Paixão santista
Benedito Calixto fez ainda pinturas de temática religiosa, como os afrescos que decoram a catedral santista, edificada por Maximiliano Hell e concluída antes do final da primeira década do século passado.
Mas suas obras-primas talvez sejam os dez quadros pertencentes ao acervo do Banco Boavista, que tem sede no Rio de Janeiro.
Realizados por encomenda da Companhia Docas, esses óleos têm tamanhos variados e quase reproduzem os sons e o burburinho da cidade portuária agitada pela economia do café, os reflexos do mar emoldurado pelos morros, a geometria previsível, mas intrincada, do casario.
Um desses quadros, pintado em 1898 e reproduzido acima, tem 146 cm por 290 cm. Já o óleo de 1888 que mostra algumas fachadas diante dos trilhos, com navios à esquerda, mostrado abaixo, tem 37,5 cm por 66 cm.
Entre os prêmios que o artista recebeu estão a medalha de ouro conferida pelo Salão Nacional de Belas Artes, em 1898, e o prêmio da Exposição Internacional de St. Louis, nos EUA, no ano de 1904.
Benedito Calixto de Jesus morreu em São Paulo.



Texto Anterior: Bonde restaurado carrega passageiros e resgata o passado
Próximo Texto: Monte Serrat conserva a pose
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.