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CHEIRO DE CAFÉ
Autodidata, artista retratou opulência da transição do séc. 19 para o séc. 20 no grande porto brasileiro
Óleos de Benedito
Calixto capturam a alma santista
SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO
Nascido em Itanhaém (SP), Benedito Calixto (1853-1927) foi o
pintor que plasmou a paisagem
santista em óleos nostálgicos, de
valor artístico e documental.
Navios e trenzinhos que soltam
fumaça, os velhos veleiros comerciais ancorados no cais do porto,
o casario e o traçado urbano que,
na época, emergiam da opulência
da cultura e do comércio de café:
do cavalete de Calixto saíram marinhas e paisagens que mostram
Santos na transição do século 19
para o século 20.
Sua grande produção pictórica
tem características quase poéticas. Mesmo quando, em vez de retratar a paisagem, Calixto usou os
pincéis para enaltecer as cenas e
os personagens de sua predileção,
uma paixão pelo país e pela história brasileira é bastante evidente.
Embora tivesse formação autodidata, o pintor fez sua primeira
exposição individual em 1881 e,
dois anos mais tarde, partiu para
uma viagem de estudos pelo continente europeu, tendo trabalhado em ateliês de renome em Paris
e em Lisboa.
Paixão santista
Benedito Calixto fez ainda pinturas de temática religiosa, como
os afrescos que decoram a catedral santista, edificada por Maximiliano Hell e concluída antes do
final da primeira década do século passado.
Mas suas obras-primas talvez
sejam os dez quadros pertencentes ao acervo do Banco Boavista,
que tem sede no Rio de Janeiro.
Realizados por encomenda da
Companhia Docas, esses óleos
têm tamanhos variados e quase
reproduzem os sons e o burburinho da cidade portuária agitada
pela economia do café, os reflexos
do mar emoldurado pelos morros, a geometria previsível, mas
intrincada, do casario.
Um desses quadros, pintado em
1898 e reproduzido acima, tem
146 cm por 290 cm. Já o óleo de
1888 que mostra algumas fachadas diante dos trilhos, com navios
à esquerda, mostrado abaixo, tem
37,5 cm por 66 cm.
Entre os prêmios que o artista
recebeu estão a medalha de ouro
conferida pelo Salão Nacional de
Belas Artes, em 1898, e o prêmio
da Exposição Internacional de St.
Louis, nos EUA, no ano de 1904.
Benedito Calixto de Jesus morreu em São Paulo.
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