HÉLIO DE LA PEÑA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Se o Rio de Janeiro fizer um teste vocacional, não vai dar outra coisa: turismo. Entretanto a cidade tem suado para passar no vestibular. Pelo que se lê nos jornais, o Rio é uma roubada. Você pode ser atingido por um mosquito perdido e pegar dengue ou ser assaltado enquanto pisa num cocô de cachorro, a caminho de uma praia com mais coliformes fecais do que a defesa da seleção brasileira.
Mas será que é só isso? Então nós, cariocas, não passamos de infelizes, condenados a viver nas manchetes policiais do caderno Cotidiano?
Não é bem assim. Não se pode sair tirando conclusões precipitadas a partir de uns recortes de jornal. Essas notícias estão sendo escritas por jornalistas paulistas, gente que passa o dia enfurnado numa redação cinzenta, que exagera bastante na descrição dos horrores urbanos só para ver se consegue sensibilizar o editor e, desta forma, ser deslocado para o Rio, onde poderá ver toda essa violência de frente para o mar, entre um e outro popozão que desfila pela areia de Ipanema.


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