São Paulo, quinta-feira, 29 de junho de 2006

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PARQUE NACIONAL

Para Carlos Secchin, autor de livro de imagens das ilhas, proibição da pesca submarina representou avanço

Arquipélago mostra-se melhor hoje que em 1978

DA REPORTAGEM LOCAL

Pioneiro no clique das praias, baías e enseadas no mundo subaquático do arquipélago de Fernando de Noronha, Carlos Secchin, 54, lá aportou pela primeira vez há quase 30 anos. E, um ano antes de o local se tornar parque nacional marinho (Parnamar), em 1987, publicou o livro "Arquipélago de Fernando de Noronha", com imagens feitas ao longo de dez anos. Agora, quase duas décadas depois, o fotógrafo avalia Noronha como "um caso raro na história do Brasil". "Encontrei Noronha, em 1978, bastante degradada. Hoje sinto que já tem a nobreza de um parque nacional", diz o carioca, que terá seu trabalho exposto no Museu Aberto da Tartaruga Marinha em Fernando de Noronha no segundo semestre deste ano. (MARGARETE MAGALHÃES)

 


ARQUIPÉLAGO
De 1978 a 1987 preparei o livro. Até então, não tinha nada parecido, com animais endêmicos, uma viagem pelo Brasil.
Na época, já existia um movimento para criar o parque. A ilha é um exemplo único no Atlântico Sul, com praias oceânicas e abrigadas. No Brasil, há poucos exemplos oceânicos -e Noronha é o mais completo: tem água doce, praias e enseadas abrigadas e dois portos.

AVANÇO
O parque está melhor hoje do que quando o encontrei. As pessoas estão mais felizes, apesar de a população ter triplicado. Encontrei Noronha, em 1978, bastante degradada. Hoje sinto que já tem a nobreza de um parque nacional. É possível chegar a qualquer lugar, uma vantagem para o turismo. Quando Noronha virou parque, houve a proibição da caça submarina. Isso fez que as espécies ameaçadas se reproduzissem. Acabou aquela indústria do "tubalhau", uma pesca descarada, disfarçada de tubarão, que desfalcava o ambiente. Quem mergulha -e conhece outros parques- sente que ali o ambiente está protegido. Há cardumes de dentão, de xaréu... Noronha é caso raro no país. As praias são conservadas, e a parte da ocupação habitacional ficou restrita. Nota dez. Mas também houve uma invasão de gente do continente, que, se aproveitando de ligações políticas e alianças, fez coisas erradas.

MUNDO SUBMARINO
Andar em todas as praias, na maré baixa, é obrigação. Tem uma regra para a fotografia submarina: a câmera com flash embutido do lado não presta debaixo d'água. Nem a água mais limpa é livre de suspensão e, quando a luz do flash, posicionado paralelo à lente, atinge as partículas, a emissão da luz é feita e há o retorno do batimento contrário. A imagem fica borrada ou estourada. O equipamento amador sério é feito com o flash destacado do corpo da máquina. O flash fica num braço longo, onde o fotógrafo pode fazer disparos diagonais.


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