São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 2002

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TERRA DE FRONTEIRAS

Trujillo guarda lembranças do domínio mouro e de casas erguidas com fortunas das Américas

Castelo simboliza a reconquista cristã


DO ENVIADO ESPECIAL À EXTREMADURA

Um local aberto e um local fechado marcam Trujillo, cidade que resume as epopéias da reconquista e da conquista.
A reconquista do próprio território espanhol aos mouros está simbolizada no castelo da cidade, um belo exemplo de arquitetura militar medieval, caracterizado por poderosas torres em formato quadrangular. Localizado em um ponto elevado, como era praxe nos castelos medievais, dali se tem uma boa vista da cidade.
As torres existentes nos castelos medievais cumprem a função de reforçar a defesa das muralhas. São em geral mais altas que os muros e servem de base para os soldados atirarem ao longo deles contra inimigos que se aproximem para tentar uma escalada.
O castelo e as muralhas da parte mais antiga da cidade -que incluem um total de 17 torres- são construções do período muçulmano, mas receberam modificações posteriores até o século 16, já de posse dos espanhóis cristãos.
Trujillo foi conquistada pelos cristãos no dia 25 de janeiro de 1232. Ainda resta a Porta del Triunfo, por onde entraram as tropas vitoriosas.
Duas das torres restantes faziam parte da alcáçova da cidade, ou "alcazaba", em espanhol. A alcáçova, termo de origem árabe, é o recinto fortificado dentro de uma cidade murada que constituía o último reduto de resistência, depois chamado de "cidadela".
Já a conquista das Américas aparece na ampla e aberta Plaza Mayor. Nesse local está uma grande estátua equestre de Francisco Pizarro, natural da cidade, nascido provavelmente em torno de 1475, morto em 1451.
É uma estátua relativamente moderna, feita na década de 20 por um escultor americano admirador de Pizarro.
A obra tem 6,5 toneladas de bronze e fica próxima à igreja de San Martín, construída lentamente do século 14 ao 16.
Mas já na Renascença a praça começou a ter ligações com as Américas. As famílias nobres da cidade ali construíam suas residências, e entre elas estavam aquelas dos que fizeram fortuna no Novo Mundo.
Um dos edifícios mais interessantes arquitetonicamente é o palácio dos Marqueses de la Conquista, com sua fachada de janelas que se tornam mais estreitas a cada andar mais alto. O prédio também é conhecido como del Escudo, dado o magnífico brasão de armas de Francisco Pizarro em alto-relevo sobre a varanda.
Os escudos dos dois descobridores mais famosos da cidade, Pizarro e Orellana, também podem ser vistos no edifício antigamente chamado de Casa de Contratación, local onde eram alistados os colonos e soldados que queriam ir para o Peru recém-conquistado. Hoje funciona ali um colégio católico, da congregação Hijas de la Virgen de los Dolores.
(RICARDO BONALUME NETO)


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