São Paulo, segunda, 29 de setembro de 1997.



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Não se sabe se Shakespeare esteve no local
Cenário de Hamlet estimula comércio

do enviado especial

"Estar ou não estar, eis a questão". Hamlet nunca pôs os pés lá. Mas, mesmo assim, foi no castelo de Kronborg que William Shakespeare resolveu ambientar sua tragédia sobre o príncipe.
Como historicamente a versão é sempre mais importante do que o fato, pouco importa se o príncipe esteve ou não em Helsingor, cidade que fica ao norte de Copenhague (54 minutos de trem).
Principalmente para o comércio da cidade, que faz questão de faturar uns trocados com o "hóspede" ilustre.
A cidade já ganhou dinheiro fácil de outras formas. Como esse porto pesqueiro é o ponto mais extremo no estreito que separa Dinamarca e Suécia -menos de 20 quilômetros de distância-, antigamente era cobrado um pedágio a título de direito de passagem.
A fiscalização ficava a cargo dos canhões do castelo de Kronborg.
Apesar da ausência de Hamlet, Kronborg -construído em estilo renascentista em 1585- vale uma visita.
Hoje, essa visita se compõe do castelo, de sua capela e de suas casamatas -uma sucessão de corredores apertados, úmidos e escuros, que serviam de dormitório para os soldados e de masmorra para alguns adversários.
Deitado eternamente
É nessas casamatas que está a estátua do adormecido herói nacional Holger Dansk (Holger, o Dinamarquês).
Segundo a lenda, o herói dorme porque, em seus sonhos, ele pode vislumbrar o que acontecerá à Dinamarca. Holger Dansk acordará cada vez que a pátria estiver em perigo.
Como nos últimos séculos a Dinamarca encolheu por causa de sucessivos fracassos nos campos de batalha (perdeu a Noruega, a parte mais meridional da Suécia e o norte da Alemanha), alguns dinamarqueses acreditam que Holger Dansk está em sono eterno. (LAR)



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