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POR DENTRO DAS FEIRAS DE TURISMO
Agências se armam contra
o crescimento da Internet
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
enviado especial a Chicago (EUA)
Durante a primeira quinzena
deste mês, cerca de 4.000 profissionais de turismo de 70 países estiveram em Chicago, no meio-oeste
norte-americano, participando do
"Sabre World 97".
A convenção reuniu prestadores
de serviço, agências de viagem e
dezenas de expositores com todo
tipo de produto que possa interessar aos viajantes.
O ponto central do encontro foi
o debate sobre o futuro da indústria do turismo diante dos avanços
tecnológicos e da facilidade de o
consumidor ter acesso a informações sobre viagens.
A Internet -e os produtos distribuídos pela rede mundial de
computadores- foi o maior foco
de atenção do congresso.
A pergunta que agentes de viagem e prestadores de serviço tentavam responder era: "Como vai
ficar a indústria do turismo se o
viajante, com a Internet, pode fazer quase tudo sozinho?"
Nem a maior estrela do congresso, James Barksdale, presidente da
Netscape (empresa líder do mercado de software para Internet), tinha uma resposta precisa sobre o
impacto que o aumento do número de usuários da rede terá sobre o
mundo do turismo.
Os demais conferencistas também evitaram previsões. Inclusive
os anfitriões.
"Ninguém sabe se a venda (dos
produtos e serviços de turismo)
será nas agências ou na World Wide Web (face gráfica da Internet)", diz Eric Speck, presidente
do Sabre Group.
No olho do furacão
Grupo pertencente à mesma corporação da American Airlines, o
Sabre é especializado na distribuição de produtos e serviços de informática relativos a viagens. Ou
seja, está no olho do furacão da revolução tecnológica.
O grupo tem 30 mil agências de
viagem conectadas e 3 milhões de
consumidores cadastrados. Do
outro lado da linha estão 400 empresas aéreas, 50 locadoras de carro, 35 mil hotéis e dezenas de ferrovias e empresas de navegação.
A rede permite a agências ou ao
turista fazer reservas de vôo, hotéis, navios e carros diretamente
pelo computador.
Em geral, a aposta do congresso
foi a de que, mesmo com as facilidades oferecidas pela Internet, a
maioria dos turistas continuará
usando as agências para programar suas viagens. Ao menos no
curto prazo.
Os especialistas não crêem que o
consumidor médio vai se dispor a
gastar alguns milhares de dólares
num pacote de viagem em que tudo, desde a elaboração do roteiro
ao pagamento das passagens, é feito apenas pelo computador.
A hipótese é que o turista ainda
vai querer falar com alguém, até
para ter com quem reclamar se algo der errado.
"O cliente quer a proteção de
um ser humano na transação",
afirma Douglas Domingues, gerente-geral do Sabre no Brasil.
Por via das dúvidas, o Sabre está
apostando nas duas pontas. Ao
mesmo tempo em que aumentou o
pacote de serviços oferecidos exclusivamente para as agências em
sua rede "fechada", está investindo no incremento de produtos disponíveis pela Internet.
O internauta que entrar na home
page do Sabre na Web
(http://www.sabre.com) vai encontrar várias alternativas, como o
Easysabre e o Travelocity.
O primeiro é a versão para a Internet de um programa de reservas
on line que já funciona há dez
anos. Oferece a possibilidade de
reservas de bilhetes aéreos e carros, além de informações sobre
vôos, mas exige que o internauta
digite os comandos.
O segundo é uma novidade: tem
os mesmo serviços do Easysabre,
mas com uma interface mais amigável. Basta clicar sobre os ícones
para chegar às informações desejadas. Além disso, o Travelocity tem
ofertas de passagens, procura os
melhores itinerários e dá informações sobre o destino escolhido.
Em ambos os produtos, para ter
acesso aos serviços, o internauta
terá de se cadastrar. E nos dois casos a emissão dos bilhetes aéreos,
por exemplo, acabará a cargo de
alguma agência de turismo.
A maior parte do negócio de reservas de viagem ainda continua
nas mãos dos agentes de turismo.
Para não perder mercado, o Sabre
investiu em produtos também para esse segmento.
Entre outras opções, há o Planet
Sabre, que permite acesso à Internet e memoriza as preferências dos
clientes da agência, por exemplo.
E, para não deixar nenhuma
ponta descoberta, o Sabre está oferecendo a criação gratuita de home pages na Internet para as agências. Basta usarem seus serviços.
O congresso de Chicago mostrou
que, na falta de uma previsão mais
precisa sobre o futuro, as empresas de turismo estão lançando sua
rede para todos os lados. Em alguns deles pretendem agarrar o
consumidor.
José Roberto de Toledo viajou a Chicago a
convite do Sabre e da American Airlines
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