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CIDADES HISTÓRICAS
Região lembra escravo que virou minerador
Mina de ouro tem
jazida de histórias
em Minas Gerais
Ao caminhar nas proximidades
da igreja Nossa Senhora da Conceição, onde está o museu Aleijadinho, chamam a atenção as placas que indicam a direção da mina
do Chico Rei.
Conforme as setas são seguidas,
a área vai perdendo as características turísticas e, caso chova, as ruas
ficam cobertas de lama. A mina fica nos fundos de uma casa habitada pela família que mantém o
ponto turístico.
Para entrar, é preciso pagar R$ 3
e colocar capacetes. "Esse preço é
para manter a iluminação da gruta
e pagar a reposição dos capacetes
que os turistas quebram", justifica
Maria Bárbara de Lima, conhecida
como dona Mariazinha, detentora
da concessão da mina.
A altura dos corredores justifica
a necessidade dos capacetes, que
batem repetidas vezes no teto. A
umidade no chão de terra requer
um sapato velho e confortável.
O passeio dura poucos minutos,
já que só é permitido andar pela
área iluminada, não muito grande, pois o resto do espaço é um
sítio arqueológico.
Mas vale a pena conhecer o espaço, principalmente para ouvir as
histórias de dona Mariazinha, 82.
Sentada, ela cobra ingressos dos
turistas e supre os curiosos com
informações sobre o local.
Chico Rei
Foi um de seus filhos que descobriu a entrada da mina, por acaso,
na década de 40. Além de atrair turistas, a descoberta tornou-se um
divertido cenário de brincadeiras
para os filhos de dona Mariazinha.
Hoje viúva, ela assegura que,
apesar de as galerias serem quilométricas, elas nunca foram motivo de preocupação, pois as crianças sempre respeitaram os limites
impostos pelos pais.
Ela oferece licores caseiros aos
visitantes, que podem tomar à
vontade, e os vende aos turistas.
Além da história de um passado
recente, a mina guarda lendas da
época em que produzia ouro e
pertencia ao negro Chico Rei.
O minerador veio ao Brasil como prisioneiro de guerra, após ter
sido rei de uma tribo na África.
O escravo comprou a mina porque ela estava dando prejuízos ao
então proprietário. Mas, segundo
a lenda, assim que a jazida mudou
de mãos passou a exibir toda a riqueza que estava escondendo.
Os lucros adquiridos serviram
para alforriar diversos escravos e
para construir a igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (leia
texto na pág. 7-6).
O líder popular teria ainda introduzido no Brasil o congado, dança
africana praticada geralmente em
julho, quando é celebrada a coroação de Chico Rei.
MARISTELA DO VALLE)
Mina do Chico Rei ou da Escardideira -
Rua Dom Silvério, 108, tel. (031)
551-1749. Ingresso: R$ 3
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