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RIVIERA
Com calçadão à beira-mar financiado por ingleses, balneário francês pertenceu à Itália até 1860
Nice enfeitiçou Matisse e Fitzgerald
Silvio Cioffi/Folha Imagem
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No Promenade des Anglais, a luz descrita em "Suave é a Noite" (1934), de F. Scott Fitzgerald |
SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO
Capital não-oficial da Riviera
Francesa, a meio caminho entre o
Principado de Mônaco (onde reinam os Grimaldi, a leste) e Cannes, Nice
encerra um balneário e um grande porto, diante da baía dos Anjos, onde os Alpes e o rio Pail lon encontram o Mediterrâneo.
Quinta maior cidade da França,
Nice, cujo site é www.nicetourism.com, é a única pequena
metrópole da Riviera, distando 30
km da fronteira com a Itália, enquanto Paris fica a 930 km dali.
Assim, cercada por lojas de grife
e por Ferraris conversíveis por todos os lados, a cidade tem sotaque
próprio -curiosamente o herói
da unificação da Itália Giuseppe
Garibaldi lá nasceu.
Os italianos a chamam de Nizza
(o balneário pertenceu à Itália até
1860); os norte-americanos até
hoje acham a cidade "nice", agradável; mas foram os ingleses que,
há mais de um século, transformaram o local na era vitoriana,
época em que ser inglês era quase
sinônimo de abraçar o turismo.
A própria rainha Vitória visitou
Nice em 1895, mas, antes mesmo
dela, seus súditos financiaram a
construção do passeio de 5 km à
beira-mar, o Promenade des Anglais, construído a partir de 1822,
sob inspiração do vigário anglicano Lewis Way, para dar emprego
aos pobres.
Seja no alto da colina do Le Château -local onde a cidade se originou e onde estão os restaurantes e a vida noturna, além de museus-, seja à beira-mar -no
Promenade des Anglais, emoldurado por palmas-, Nice tem prédios art nouveau gloriosos e algo
decadentes, além de um porto
cosmopolita.
A face mais emblemática da cidade tem hotéis como o Le Négresco, edificado em 1912, além de
inúmeros prédios, uns ecléticos,
outros modernosos.
Nice tem um Carnaval de 18
dias entre o final de fevereiro e o
início de março, único pelo espetáculo de fogos e por uma batalha
de flores. Foi eleita lugar para se
viver por escritores e artistas. Entre esses, figuram o norte-americano F. Scott Fitzgerald (leia trecho abaixo), e ainda o pintor Henri de Toulouse-Lautrec e o escultor Auguste Rodin.
Os pintores Henri Matisse e
Raoul Dufy foram definitivamente mais longe e estão sepultados
na cidade. Obras de Matisse, que
viveu cercado de amigos como
Pablo Picasso, Pierre Bonnard e
Pierre-Auguste Renoir, artistas
plásticos que viveram em cidades
próximas, na Riviera Francesa,
podem ser apreciadas num museu em Cimiez.
Nascido na Rússia, Marc Chagall também se rendeu aos encantos e à luz radiosa de Nice, onde o enorme Museu de Arte Moderna
e Arte Contemporânea abriga inclusive obras de artistas da era
pop, como Roy Lichtenstein, Andy Warhol e Christo.
A fonte do Sol, na praça Massena, e a rua France, com seu calçadão repleto de lojas, barzinhos e restaurantes turísticos, são outros
lugares em que o banhista passeia
a pé.
Os restaurantes turísticos ficam
atrás do chamado Quai des États-Unis, no Cours Saleya, ligados à
praia por um pavilhão, na área conhecida como Vieux Nice. Às terças e aos domingos, no Cours Saleya, tem lugar um mercado de
flores; às segundas, ocorre ali uma
feirinha de antiguidades.
A praia é pedregosa e cheia de
gente nos dias ensolarados, mas
pouca gente nada (os banhos de
mar, aliás, só entraram na moda
nos anos 1920). Os sutiãs foram
abolidos há décadas, mas ninguém liga muito para o panorama
humano.
Para ter privacidade, a saída é
alugar um caiaque e remar até um
local ermo, pois há muitas encostas escarpadas, ideais para quem,
a despeito de toda a muvuca, quer
apenas sossegar.
Há muitas mansões aristocráticas penduradas entre o Mediterrâneo e a estrada que leva para o leste, no rumo de Monte Carlo.
Um deles, o Palais Maeterlinck,
que foi a mansão do poeta belga
Maurice Maeterlinck, entre Nice e
Villefranche, tem 3,5 hectares de
área, de onde se avista o mar de
uma perspectiva vertical. Vila que
mescla os estilos barroco e renascentista, com uma imensa piscina, o local é hoje um hotel e ostenta desenhos originais de Amedeo
Modigliani.
Silvio Cioffi viajou a convite da operadora Queensberry, da Alitalia e da The Leading Hotels of the World
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