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São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2003

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RIVIERA

Revelada por um lorde britânico, a visitação de nobres na cidade foi trocada pela de "starletes", como Brigitte Bardot

Cannes é repleta de estrelas desde o séc.19

DO ENVIADO ESPECIAL À RIVIERA

Cannes tem estrela, é o mais popular dos balneários da Riviera Francesa, hospedando em meados de maio o festival internacional de cinema -que, neste ano, em sua 56ª edição, premiou com a Palma de Ouro um filme azarão, "Elephant", de Gus van Sant.
Para o turismo, a cidade foi, a rigor, "descoberta" por um britânico, o lorde Brougham, em 1834. Então chanceler, ele viajava para Nice e foi forçado pelas autoridades a ficar ali, quando irrompeu uma epidemia de cólera.
Brougham acabou se apaixonando por Cannes, construindo lá uma casa que lhe servia de refúgio durante o inverno britânico.
Atrás dele, na "belle époque", vieram aristocratas, czares, reis e princesas; foram edificados imensos hotéis de arquitetura eclética ao longo do bulevar de la Croisette; e a avenida à beira-mar foi enfeitada com palmas de verdade.
Com o século 20, os nobres foram substituídos por celebridades como as atrizes Gloria Swanson e Grace Kelly, que se casaria com o príncipe monegasco Rainier Grimaldi. Mas foi graças a Brigitte Bardot, nos anos 50, que o festival de cinema deixou de ser o evento que conferia prestígio, para ganhar, também, a fama de vitrine de "starletes" de várias grandezas.
Entre os ricos, Jacqueline Kennedy Onassis foi figura provável do bulevar de la Croisette, onde era vista nas lojas elegantes, como Chanel (no número 5), Christian Dior (no 38) e Cartier (no 57).
Na mesma esplanada de Cannes, é famoso o bar no terraço do hotel Majestic que, frequentado pelo cineasta Roman Polanski, serve drinques caríssimos. O mesmo vale para a brasserie do Carlton Inter-Continental, que os locais chamam de "a grande dama", e para o bar do Noga Hilton.

Sinais dos tempos
Há quem diga que Cannes perdeu em glamour quando o teatro onde o festival acontece foi inaugurado, em 1987, data em que o evento fez 40 anos. Isso porque o prédio, moderno, de linhas retas, com três auditórios, duas salas de cinema e até cassino, é tão pesado que foi apelidado de "bunker".
Chamado de Palais des Festivals et des Congrés, o "bunker" fica numa pequena península, que divide a praia de la Croisette do Port Vieux, o velho porto repleto de veleiros e iates.
Na outra extremidade do porto, numa elevação chamada colina le Suquet, ficam a igreja de Notre-Dame de l'Espérance (1521), o museu de la Castre e a torre, do século 13, de onde se avista todo o golfo de la Napoule e as verdejantes ilhas de Lérins, num panorama que mostra, no entorno, os Alpes no seu encontro dramático com o azul do Mediterrâneo.
Com 70 mil habitantes, Cannes se jacta de receber 2 milhões de turistas por ano. Muitos deles são atraídos pelo festival de cinema, ou pelo sol do verão. Mas o balneário também tem seu monumento secreto, cultuado por muitos admiradores: a sopa bouillabaisse, feita lá com peixe, azeite, alho e tomates, que rivaliza com a sopa original, preparada em Marselha. (SILVIO CIOFFI)


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