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RIVIERA
Na cidade que ditou moda do topless, turista de cruzeiro é ciceroneado até feirinha, onde se regala com convescote
Saint-Tropez se revela em mesa provençal
DO ENVIADO ESPECIAL À RIVIERA
Quando o SeaDream 1 aporta
em Saint-Tropez, uma espécie de
Búzios da Riviera Francesa (ou seria o contrário?), o chef Anton
Schraivogl e o sommelier Fabien
Lambert capitaneiam um grupo
de passageiros até o velho mercado de peixe, no centrinho velho.
No sábado e na terça-feira de
manhã, acontece ali uma feira livre a todo vapor, na pracinha conhecida como place aux Herbes,
onde estão estabelecidos um negociante de vinhos (Aloche Armel, dono do La Cave du Golfe) e
duas vendas de queijos (Saint-Tropez e Épicerie du Marché).
O grupo acompanha o chef e o
sommelier até o centro da feira,
passando pela igreja colorida ao
lado do porto ("Port de Pêche") e
por dentro da peixaria, onde uma
mesinha de piquenique é guarnecida de queijos de cabra e de vaca,
canapés marinados de camarões e
tomates secos, salames e amostras
das mais diversas especialidades
regionais.
O convescote é mediterrâneo e,
antes disso, provençal.
Alho, azeite, vinhos rosados e
brancos, tudo muito perfumado
com ervas. Mesmo o pão local,
chamado de "michette", é feito
com óleo de olivas.
Ali perto, ao longo do pequeno
porto, uma parafernália de barcos
antigos e de iates modernos imensos disputam espaço.
Logo vêm à tona os nomes de
visitantes famosos que estão em
Saint-Tropez naquele dia: o ator
norte-americano Ernest Borgnine, o piloto brasileiro Pedro Paulo
Diniz e a modelo inglesa Naomi
Campbell.
Lembranças célebres
Saint-Tropez é um ovo, mal cabe nas muralhas que guarnecem
seu pequeno porto medieval, mas
encerra um agito dos infernos.
As ruas são estreitas e, com ego
inflado, há quem diga que Saint-Tropez foi bem mais chique
quando era uma simples vila de
pescadores. Há até quem se lembre de Brigitte Bardot cambaleando por ali -aliás, também se atribui à atriz francesa a "descoberta"
de Búzios, nos anos 60.
BB frequentava "St-Trop" desde que esteve lá ao lado do diretor
Roger Vadim, então seu marido,
para filmar "E Deus Criou a Mulher" (1956).
Mais recente é a lembrança que
se tem no local da princesa Diana,
que se acabou de dançar numa
discoteca, em agosto de 1997,
dando o que falar.
Fogo no circo
No ano 68 d.C., um oficial do
imperador romano Nero que se
chamava Torpes foi decapitado
ao converter-se ao cristianismo.
Seu corpo foi levado ao local onde
hoje fica Saint-Tropez, que de lá
para cá virou sinônimo de hippie
chique e até de calça de cintura
bem abaixo do umbigo, moda
reeditada recentemente em todo
mundo, mas sem ter mantido o
nome original.
O topless, quem diria, também
já era moda em Saint-Tropez há
mais de 30 anos.
Muito antes disso, a cidade já
era habitada por pescadores, como mostra o museu Marítimo,
(aberto das 19h às 17h) instalado
na La Citadele, uma fortaleza do
século 16.
Para quem gosta de pintura e de
escultura, o museu Anunciada
(aberto das 10h às 12h e das 14h às
18h) tem acervo com obras que
abrangem o período 1890-1940.
Muito menos badalada é a coleção de marinhas expostas no próprio píer por artistas anônimos.
Depois de um dia cheio, que começou com a degustação no meio
da feira, regada a vinho rosê, é
preciso ter cuidado para não se
atracar com um deles.
(SILVIO CIOFFI)
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