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São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2003

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VINDE AO BRASIL

Instituto lança calendário para 2003/2004; meta do governo é atrair 9 milhões de estrangeiros até 2007

Embratur quer diplomatas "vendendo" país

MARGARETE MAGALHÃES
DA REPORTAGEM LOCAL

Doze novos produtos "terra brasilis" na prateleira -entre os quais resorts, golfe, mergulho, mochileiros, ecoturismo e GLS-, diplomatas vendendo o destino Brasil nas embaixadas, duplicação da participação do país em feiras de turismo, que passam a ser 30, e um investimento de R$ 20 milhões para promover o país no exterior. Essas são algumas das ações da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) a serem implementadas até o ano que vem, que têm de abocanhar 9 milhões de turistas estrangeiros até 2007 para cumprir o Plano Nacional de Turismo lançado em abril.
Apesar de as medidas serem bem-vindas pelos operadores que trabalham com o público que o Brasil quer conquistar, elas não respondem a expectativas consideradas relevantes por quem conhece de perto o gosto dos estrangeiros. Eles também consideram ínfimo o investimento anunciado.
"O Equador anunciou uma campanha de US$ 8 milhões e o Panamá, de US$ 12 milhões [ambas só nos EUA]", diz Adam Carter, diretor da Brazil Nuts Tour, em Miami, acrescentando que o país precisaria investir US$ 10 milhões apenas nos EUA para sair do marasmo.
Para os operadores, a imagem do Rio de Janeiro -ícone e porta de entrada do estrangeiro para o Brasil- deve se desassociar da violência. O estrangeiro não visitará "outros aposentos" se a "sala de estar" estiver bagunçada.
A profissionalização é outro quesito a que os emissores pedem mais atenção. Eles dizem não acreditar que diplomatas tenham conhecimento de marketing e das especificidades de cada mercado.
"O Brasil precisa de uma companhia de relações públicas para monitorar [o que se fala do Brasil]. Ou profissionalizamos ou não", diz João de Matos, diretor da Brazilian Vacation Center, operadora em Nova York que anualmente envia 3.000 norte-americanos para o Brasil.
O escritório-modelo montado em Londres, em abril de 2000, com funcionários da embaixada e consultores especializados em marketing e mídia, que recebe 3.000 consultas por mês, deixou de operar com os consultores na última sexta-feira.
O governo deixou de repassar dinheiro para manter o escritório, orçado em US$ 200 mil por ano, apesar de a cobertura de mídia em TV e em jornais britânicos com matérias sobre cidades brasileiras ter atingido US$ 30 milhões.
O Cama e Café, uma rede de hospedagem no estilo "bed & breakfast", em Santa Tereza, no Rio, com cinco meses de vida ganhou duas matérias de destaque em jornais britânicos, com o apoio do escritório de Londres.
Segundo o presidente da Embratur, Eduardo Sanovicz, que cita os escritórios de turismo da França e da Espanha como modelos a serem seguidos (leia abaixo), o problema em Londres não é o custo. O novo modelo decidiu usar a diplomacia "absolutamente treinada" para vender o Brasil, usando a infra-estrutura das embaixadas. "Até o final do ano, teremos reciclado 200 diplomatas."
O Brasil tem hoje quatro escritórios de promoção do turismo junto às embaixadas de Londres, Washington, Roma e Paris. "Já começamos o treinamento de diplomatas e vamos ampliar [o número de] escritórios", diz Vera Sanches, diretora da área de lazer e incentivo da Embratur.
Apesar da mudança da estratégia da condução dos escritórios, o embaixador brasileiro em Londres, José Bustani, declarou à Agência Estado lamentar o fechamento do escritório de promoção na capital, ressaltando sua "excelente performance".

Brasil e América Latina
Brasil, Argentina e Chile anunciaram na semana passada, em São Paulo, a criação da Flort (Federação Latino-Americana de Operadoras de Turismo e Representantes). "O objetivo é criar tráfego de turismo maior entre os países da América Latina e promover destinos combinados, em sintonia com proposta do Ministério do Turismo", afirmou o brasileiro Ilya Michael Hirsch, o primeiro presidente da Flort.
O Brasil está de olho no mercado sul-americano. Segundo José Roberto de Oliveira, secretário-adjunto de política de turismo do ministério, o Brasil "não dava bola para o Peru". Dos 350 mil turistas que viajaram para fora do país no ano passado, apenas 21 mil vieram para o Brasil.
No mesmo dia, tomou posse a nova diretoria da Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo), sob a presidência de José Zuquim, que cobrou dos hotéis que pratiquem um tarifário igual para turistas estrangeiros e nacionais.


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