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JOGO AMISTOSO
População da costa herdou traços dos negros, enquanto a do interior possui características indígenas
Escravos deram sua cara ao litoral do país
DO ENVIADO ESPECIAL À COLÔMBIA
As autoridades colombianas estimam que 3 milhões de escravos
negros tenham entrado no país
pelo porto de Cartagena de Índias. Outros 3 milhões teriam
morrido nas viagens entre a África e a América.
Na época da escravidão, havia
três formas de vender os escravos.
Os mais fortes eram leiloados em
praça pública. Mulheres e crianças (nem sempre pertencentes à
mesma família) formavam "lotes", vendidos por um preço fixo.
Os mais fracos, que não despertavam muito interesse, eram vendidos de acordo com o seu peso, assim como o gado.
Um dos navios negreiros levou
para Cartagena, como escravo,
Domingo Biojo, rei em Guiné, na
África. Ele fugiu e formou um
quilombo, chamado de San Basílio de Palenque, o primeiro território colombiano a ficar fora do
domínio espanhol.
Até hoje o local é habitado somente por negros, que conservam
costumes africanos e falam o bantu (dialeto africano).
Apesar de San Basílio de Palenque ficar a cerca de 100 km de Cartagena, a visita ao local não é recomendada aos turistas. Isso porque a guerrilha colombiana faz a
"pesca milagrosa" nas estradas.
A operação consiste em obstruir
a passagem dos veículos e sequestrar seus ocupantes, para utilizá-los em negociações com o governo para a libertação de guerrilheiros presos, ou simplesmente para
exigir resgates de suas famílias.
Nenhuma estrada colombiana é
segura e o transporte deve sempre
ser feito por avião.
Etnia
Como em toda a América, a colonização da Colômbia começou
pelo litoral, que era habitado por
índios guerreiros, normalmente
de grande estatura e muitas vezes
com hábitos canibais. Eles foram
logo dizimados pelos espanhóis,
que trouxeram os escravos negros
para trabalhar.
No interior, ao contrário, os índios eram de estatura inferior e,
bem mais pacatos, não ofereceram grande resistência à dominação espanhola.
Por essa razão, apesar de ser
predominantemente branca, a
população colombiana tem traços
bem acentuados da raça negra no
litoral e dos indígenas no interior.
Patrono
Um dos maiores mártires da população colombiana é o padre jesuíta Pedro Claver, a quem é atribuída a frase: "Sou o escravo dos
escravos para sempre". Defensor
dos negros, Pedro Claver foi canonizado e beatificado pelo papa
Leão 13, em 1888. É adorado pela
população de Cartagena e considerado o patrono da Colômbia.
Os ossos do jesuíta estão expostos em uma tumba de vidro no altar da igreja de San Pedro Claver.
O cenário é de gosto muito duvidoso, porém atrai fiéis de todas as
partes do país, normalmente em
busca de milagres.
Para os colombianos, a principal importância da catedral de
Cartagena, que foi desenhada por
dom Pedro de Heredia, é o fato de
ela ter sido o local de ordenamento de Pedro Claver.
(ROBERTO COSSO)
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