São Paulo, quinta-feira, 30 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

2 EM 1/BRAGA E BELÉM

Ancestral e sisuda, Sé é o epicentro da velha cidade

Conheça Braga, município de 2.027 anos, e o bairro de Lisboa que é o berço dos famosos pastéis de Belém

JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A BRAGA

Uma antiga e saborosa expressão indica que coisas antiquíssimas são "mais velhas que a Sé de Braga". E faz sentido. A catedral da cidade portuguesa foi consagrada no século 11.
A 366 km ao norte de Lisboa, Braga, criada pelos romanos há 2.027 anos e hoje com 176 mil habitantes, é uma dessas joias arquitetônicas pouco lembradas da coroa portuguesa.
Capital da região do Minho, ela tem sua história intimamente ligada ao catolicismo ibérico. Com todos os vanguardismos e anacronismos possíveis. Há uma incrível concentração de igrejas, capelas e conventos ricamente decorados - são ao menos 29, numa superfície em que cabiam no comecinho do século 19 apenas 30 mil habitantes. E há ainda o charme medieval ou renascentista de ruas estreitas, com denominações de doces evocações: rua do Raio, rua do Alcaide, rua das Almas ou dos Chãos.
Chega-se a Braga por modernas autoestradas (eram no país 196 km; hoje são 2.000 km). A exemplo da Espanha, conjuntos habitacionais nas periferias, construídos com juros subsidiados, refletem um boom imobiliário só interrompido pela atual crise financeira internacional.
Fundada pelos romanos com a denominação de Bracara Augusta, a cidade se cristianizou no século 6º e aos poucos se tornou, como capital da antiga Galícia (território ao norte de Lisboa), a única arquidiocese ibérica. Seu arcebispo ainda tem o direito de se designar, sem falsa modéstia, de "primaz das Espanhas".
O poder temporal foi por séculos exercido pela hierarquia católica. O que atraiu ordens religiosas para a instalação de seminários e conventos. E atraiu ainda artesãos que passaram a produzir crucifixos, imagens de santos, breviários, hagiografias e até sinos para carrilhões de igrejas europeias.
O Paço Episcopal, do século 15, é maior e mais imponente que a Câmara Municipal que concentra a autoridade laica.
A mais importante das igrejas é justamente a da Sé de Braga, consagrada pelo bispo d. Pedro (1070-1093) sobre ruínas de religiosidades e invasões anteriores - suevos e muçulmanos. A igreja, que deu origem ao ditado ("mais velhas que a Sé de Braga"), é hoje irreconhecível pelas mudanças acrescentadas, sobretudo no Renascimento português, também chamado de período manuelino, por causa de d. Manuel, o Venturoso, aquele que mandou Cabral descobrir o Brasil.


JOÃO BATISTA NATALI viajou a Portugal a convite do INL (Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia)


Texto Anterior: 2 em 1 - Portugal
Braga e Belém

Próximo Texto: Bairro luso é aula de história sobre descobrimentos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.