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ESTAMPA AFRICANA
Safári aéreo de sete dias arrebata com paisagens cheias de pedregulhos, cactos, rios secos e monolitos
Janela de avião descortina árida Namíbia
FREE-LANCE PARA A FOLHA, NA ÁFRICA
O primeiro destino do avião
monomotor que parte de Windhoek, capital da Namíbia, é o
Parque Nacional Namib-Naukluft, um dos mais antigos desertos do mundo. É o início de um
safári aéreo de sete dias, organizado por uma empresa sul-africana.
Após uma viagem de cerca de
uma hora e meia sobrevoando
vastos platôs riscados por leitos
de rios secos, o monomotor, que
transporta seis pessoas, desce em
uma pista de pedregulhos cercada
por imensos monolitos.
Num jipe Land Rover, os hóspedes são levados ao "Sossusvlei
Wilderness Camp", lodge situado
no topo de uma colina, onde,
além de pedras dos mais diversos
tamanhos, há apenas cactos e outras plantas típicas de clima árido.
A vista de 360 da planície imensa e seca, com montanhas de pedra por todo o horizonte, é arrebatadora. Em torno de um poço
de água, dezenas de metros abaixo do chalé onde fica a hospedaria, avista-se um grupo de impalas, sempre alerta, que bebe água
na tarde ensolarada.
No dia seguinte, antes do amanhecer, começa a primeira grande
aventura da viagem: a visita às dunas de Sossusvlei, que, além de estarem entre as mais altas do mundo, exibem uma coloração avermelhada devido à alta concentração de ferro na areia.
Para chegar a Sossusvlei, viaja-se durante mais de uma hora por
uma estrada que avança deserto
adentro, acompanhando o vale
seco do rio Tsauchab. Dos dois lados, vê-se uma seqüência interminável de dunas muito altas,
perpendiculares ao vale.
Iluminadas pelos primeiros
raios de sol, elas adquirem tons
que vão do amarelo-claro ao vermelho. Subir uma das dunas mais
altas não é fácil, mas vale o esforço
devido à vista e à sensação gostosa
de enfiar o pé na areia fina e solta.
Curiosidade: vários esportistas
elegem as areias da Namíbia para
fazer "sandboard", em corridas
duna abaixo cuja velocidade atinge 80 km/h.
Em Sossusvlei, pode-se ter contato com uma maneira interessante e barata de viajar pelo continente africano. A região está no
roteiro de enormes caminhões
que levam principalmente jovens
em longas viagens pela África.
A parte do caminhão destinada
aos passageiros tem bancos bem
básicos e pode ser aberta durante
os safáris e fechada durante as viagens entre um destino e outro.
Além de transporte seguro, a
empresa que organiza a viagem se
responsabiliza pela preparação
dos jantares, mas os viajantes precisam montar suas barracas e auxiliar em algumas tarefas.
Caminhões desse tipo saem de
Londres e vão até a Cidade do Cabo, na África do Sul, em viagens
que podem durar mais de oito
meses. Pode-se optar por fazer
apenas partes do percurso.
Alguns quilômetros adentro, há
outra atração da região, o Dead
Vlei, um vale seco entre as dunas
de cujo chão de barro rachado e
branco despontam dezenas de esqueletos de acácias (uma das mais
típicas árvores africanas), algumas com mais de 500 anos.
Sossusvlei não possui grande
número de animais selvagens.
Encontram-se principalmente
antílopes, como o órix, animal
oficial da Namíbia, avestruzes e
raposas do deserto.
A partida acontece no dia seguinte cedo. Sobrevoa-se o deserto até o litoral namibiano, conhecido como a costa dos Esqueletos.
Nesse trecho, dá para ver carcaças de navios naufragados que foram levadas até a areia. Também
sobrevoam-se ruínas de antigas
minas de diamante, um dos principais recursos naturais da Namíbia, ao lado do cobre, do urânio e
do ouro.
À beira-mar, vêem-se populosas colônias de focas, leões marinhos e flamingos.
O avião faz escala em Swakopmund, cidade litorânea, para um
almoço sobre uma tenda branca
numa praia deserta.
(OTÁVIO DIAS)
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