|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Elefante destrona leão em Damaraland
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Damaraland, no centro-norte
da Namíbia, é uma região de vastos espaços e enormes monolitos
vulcânicos. O solo é coberto por
uma camada vermelha de pedras
quebradas nos mais diversos tamanhos. Sobre esse terreno irregular e inóspito, equilibram-se os
grandes "elefantes do deserto".
O Damaraland Camp, um
acampamento administrado por
uma empresa sul-africana em
parceria com as comunidades locais, fica num vale de onde se vê o
maciço de Brandberg, a mais alta
montanha da Namíbia.
O acampamento tem nove tendas de lona, simples por fora, mas
confortáveis por dentro, com sistema de luz solar e água quente limitados.
No dia seguinte de manhã, é hora de ir atrás dos "elefantes do deserto", assim conhecidos por terem se adaptado a um clima seco,
adverso a um animal com o tamanho desses imensos paquidermes.
Por esse motivo, os elefantes de
Damaraland, ao contrário de seus
primos de outras regiões, demonstram todo o cuidado ao beber água, utilizando o indispensável recurso natural com comedimento e sem desperdício.
Num potente jipe semi-aberto,
parte-se em direção ao leito do rio
Huab, onde só corre água por algumas poucas semanas durante o
verão. Mas, apesar da aparência
de desolamento, há lençóis de
água subterrâneos que possibilitam que árvores altas e verdes sobrevivam ali.
O veículo segue pelo largo leito
do rio. A viagem prossegue por
mais de 30 minutos sem sinal de
elefantes quando, de repente, dois
guepardos ("cheetahs"), dificilmente vistos nessa região, aparecem à distância e, tímidos, logo
somem na vegetação.
Pouco depois, um elefante solitário arranca e deglute galhos inteiros de uma árvore, fazendo
enorme barulho com os dentes.
Mas a planta não serve só para isso. Também faz as vezes de lixa
para o animal coçar a nuca, atrás
das orelhas, e o traseiro.
Segue-se adiante à procura do
resto da manada, que reúne cerca
de 30 membros. Após mais de
uma hora de busca infrutífera, o
guia chega à conclusão de que os
elefantes haviam deixado o leito
do rio e subido um vasto complexo de montanhas logo à frente.
"Já volto, não saiam do carro",
diz e dirige-se para as montanhas.
Após cerca de 20 minutos, no alto
da primeira elevação, vêem-se ao
longe mais dois elefantes, pequenos em comparação com a montanha avermelhada. Ali, o Land
Rover não pode subir.
Volta-se ao acampamento, onde, após um almoço, a opção é um
relaxante passeio de mountain-bike, com direito a um gim tônica
na hora do entardecer.
À noite, bastante fria, o jantar
acontece numa grande mesa quadrada sob o céu muito escuro e estrelado. Os hóspedes, os gerentes
e os guias comem juntos e, depois,
jogam conversa fora em torno de
uma fogueira, apelidada de "bush
TV" ("TV do mato").
Além dos elefantes, Damaraland tem um número razoável de
rinocerontes negros, uma das espécies mais raras da África. Dificilmente são vistos, porém, perto
do Damaraland Camp. Também
há impalas, órix e avestruzes.
Mas a beleza absurda e incomum de Damaraland está em
suas características geológicas: na
grandiosidade de suas montanhas de pedra, no tom avermelhado do tapete de rochas de todas as formas e tamanhos, no movimento lento das nuvens no incrível céu azul.
(OD)
Texto Anterior: Estampa africana: Janela de avião descortina árida Namíbia Próximo Texto: Estampa africana: Água define hierarquia animal em Etosha Índice
|