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OUTRO MÉXICO
Cidade americana é famosa pela arquitetura herdada de índios e espanhóis e pelas artes
Luz de Santa Fé doura casas de adobe
CHIAKI KAREN TADA
NO NOVO MÉXICO
Exótica aos olhos dos próprios
norte-americanos, Santa Fé, a capital do Estado do Novo México,
destaca-se na paisagem do sudoeste dos EUA graças à sua arquitetura caracterizada pelo uso
de adobe, à sua intensa produção
artística e a uma rica história que
envolve índios, espanhóis, guerras, americanos e foras-da-lei.
As casas de adobe -tijolos de
argila crua secados ao sol- marcam o estilo da cidade. As paredes
e os muros marrons, de cantos arredondados e aparente maciez,
adquirem tons dourados conforme a intensidade da luz do Sol.
Dizem, aliás, que a luz que incide sobre o Novo México é especial
e um dos motivos pelos quais a região atrai artistas, fotógrafos e escritores. A essa luminosidade
aliam-se uma paisagem de espaços vastos e um céu cujo azul contrasta fortemente com os diferentes tons de terra de formações rochosas, como os tabuleiros em
forma de mesas, e dos leitos de rio
secos, chamados de "arroyos".
"Em outros lugares o céu é o teto do mundo; mas aqui a terra era
o chão do céu", registrou a escritora Willa Cather (1873-1947) em
uma obra ambientada na região.
Santa Fé fica na porção norte do
Estado, a mais de 2.000 metros de
altitude, em um vale situado entre
as montanhas Jemez e Sangre de
Cristo. Neva no inverno e, no verão, a temperatura fica em torno
de 26C de dia, enquanto as noites
são bastante frescas. A vegetação
típica é de cedros e um tipo de pinheiro chamado "piñon".
Suas principais atrações são as
galerias (Santa Fé é considerada o
terceiro maior mercado de artes
dos EUA), a culinária apimentada
e a cultura herdada de três povos:
indígenas, espanhóis (que, vindos
do México, colonizaram a região)
e americanos (que chegaram depois). A cidade atrai 1,4 milhão de
visitantes por ano.
Muitas casas têm elementos
dessas culturas, e o chamado
"Santa Fe style" de decoração de
interiores chegou a ter grande popularidade em todo o país. Uma
cerca de troncos finos de cedro inclinada de propósito ou um manto indígena jogado sobre o sofá
são detalhes que valem uma foto.
Hoje em dia, o adobe, que era
usado por índios e depois teve sua
técnica aperfeiçoada pelos espanhóis, é comumente substituído
por materiais de custo mais baixo
que imitam a textura de argila e
mantêm o estilo local.
Praça histórica
O charme da cidade também está em seu tamanho: tem apenas 63
mil habitantes, o que a torna uma
capital bastante tranquila. O ponto de partida é a histórica Plaza,
praça cercada por lojas e prédios
históricos e que existe desde que
Santa Fé foi fundada, em 1610, pelo espanhol dom Pedro de Peralta.
Sob o pórtico do histórico palácio dos Governadores, prédio do
século 17 que hoje é um museu,
índios vendem seu artesanato.
Não se engane: eles têm muito orgulho do seu trabalho, no qual assinam seu nome, ou pelo menos o
nome da comunidade a que pertencem, e cobram caro.
Uma bela boneca "storyteller"
(que tem a boca arredondada e é
coberta de criancinhas), por
exemplo, custa cerca de US$ 250.
Nas lojas, artigos como tapetes
dos índios navajos atingem facilmente quatro dígitos, pois sua
confecção dura meses. A diferença de uma peça barata para uma
cara é sentida no toque da mão.
Perto da Plaza, há igrejas erguidas por missionários espanhóis,
como a catedral St. Francis, em estilo romanesco, e a capela Loretto,
de 1878, cenário de casamentos.
Não deixe de dar uma volta pela
cidade e seus arredores ao pôr-do-sol, que é, sem sombra de dúvida, a melhor hora para entender
a fama da luz do Novo México e a
beleza do adobe em Santa Fé.
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