São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 2002

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OUTRO MÉXICO

Canyon Road reúne 85 casas que vendem ou expõem obras produzidas por artistas locais e internacionais

Rua de galerias forma paleta de estilos

Foto Chiaki Karen Tada
Cadeira de ferro dá toque especial a entrada de uma das 85 galerias que cercam a Canyon Road


NO NOVO MÉXICO

Depois dos índios, dos conquistadores espanhóis e dos americanos, foi a vez dos artistas chegarem ao Novo México, para transformar a paisagem local em fonte de inspiração ou simplesmente para desfrutar de sua tranquilidade. Do 1,5 milhão de habitantes do Estado, cerca de 30 mil se identificam como artistas.
Em Santa Fé, basta dar uma caminhada na Canyon Road para sentir por que a cidade se orgulha tanto de seu cenário artístico. As 85 galerias e lojas de arte espalhadas ao longo da estreita via e ruas adjacentes formam uma paleta de diferentes estilos e técnicas.
Ali, cada casa é uma pequena galeria, e cada jardim, um cenário ao ar livre para uma escultura. Os visitantes entram e saem tranquilamente de cada local. Pátios internos e salas bem iluminadas ou propositadamente escuras expõem naturezas-mortas, pinturas abstratas, aquarelas, fotografias, jóias, móveis, cerâmicas e têxteis indígenas e esculturas.
No total, existem cerca de 200 galerias na cidade, que abrigam obras de artistas locais e internacionais. Só neste ano, dez novas casas foram ou estão sendo inauguradas, segundo Michael Carroll, presidente da Associação de Galerias de Santa Fé. Estima-se que as vendas girem em torno de US$ 250 milhões por ano, e que um em cada seis moradores trabalhe nessa área.
"Nos últimos anos, a arte contemporânea tem liderado e dado o tom ao cenário artístico da cidade, embora haja segmentos de história, de antiguidades e tribais [da África, da Oceania, da Ásia" muito fortes", diz Carroll.
Porém os trabalhos que abordam o sudoeste dos EUA são bastante interessantes, principalmente para quem só viu em filmes as formações rochosas, os índios, os caubóis, os lobos e os búfalos que fazem parte da história da região. Esses ícones do Velho Oeste americano ganham cores e perspectivas diferentes sob o olhar dos artistas.
O visitante da Canyon Road é invariavelmente recebido com um "How are you doing today?" (Como você está hoje?) e deixado à vontade para explorar o interior ou para bater um papo sobre o artista que está expondo.
Na galeria do francês Jean-Claude Gaugy (no número 418), por exemplo, a funcionária explica, com gestos teatrais e muitos sorrisos, o processo de trabalho do artista, que "esculpe" o desenho em uma placa de madeira e depois aplica tinta. Os visitantes são convidados a tocar as obras para sentir a textura do trabalho.
A galeria Pushkin, como o próprio nome sugere, expõe óleos e caixinhas esmaltadas que retratam cenas da Rússia; a Morning Star Gallery vende bonecos, tapetes e vestuário produzidos por mais de 50 tribos norte-americanas; a casa Henington exibe esculturas e óleos ao redor de um agradável pátio interno, e por aí vai.
Na rua há ainda cafés e restaurantes estratégicos para descansar os pés ou tomar algo para refrescar, numa cidade que faz sol 300 dias por ano. Após horas andando por essa rua, o turista percebe, num misto de alegria e desespero, que não viu nem a metade do que está à mostra na Canyon Road.
Mais informações sobre as galerias dessa rua e outras espalhadas pela cidade, além de eventos como inaugurações de novas exposições, podem ser acessadas no site da Associação de Galerias de Santa Fé: www.santafegalleries.net.
(CHIAKI KAREN TADA)


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