São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 2002

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ROTA SUL

Doze casas dos anos 20 e 30, em estilo eclético, foram tombadas em 2000 e estão abertas para visitação pública

Passeio em Muqui enfoca intimidade

DA ENVIADA ESPECIAL AO ESPÍRITO SANTO

Passar um dia em Muqui é sinônimo de intimidade. Cruzam-se sítios históricos, adentra-se na casa dos habitantes para bater papo, admirar peças antigas de suas residências, tomar um café e até sair com um bombom no bolso.
Doze casas, dentre as 186 que foram declaradas patrimônio histórico em 2000, estão cadastradas na prefeitura da cidade e preparadas para receber o visitante, que é conduzido por um guia.
Com construções de estilo eclético dos anos 20 e 30, os casarões em Muqui têm decorações variadas. Algumas expõem seus vitrais em art nouveau, ornamentos em estuque reproduzindo flores, animais e conchas, adornos em arco e pinturas nas paredes.
O que há de comum em todas elas são os objetos do tempo dos avós e bisavós, um prato cheio para donos de antiquário.
A riqueza é herança da aristocracia fluminense e capixaba do período cafeeiro, resgatada pela conservação dessas construções e pela memória dos habitantes.
Cada uma dessas casas guarda longas histórias. No palacete de Ney Costa Rambalducci, 68, que mora em frente à igreja São João Batista, a namoradeira (cadeira para duas pessoas) a leva a contar que o móvel foi cenário do seu próprio namoro com o marido.
Dentre as peças dos anos 40, destaca-se uma eletrola, tipo de vitrola, que funciona perfeitamente. A coleção está anotada num caderninho, no qual constam 55 disquinhos de fox, 29 de bolero, 17 de tango, 17 de samba-canção, 11 de valsa, oito de rumba, oito de baião e sete de choro.
Há ainda um disco com a marchinha oficial da campanha política do brigadeiro Eduardo Gomes, que disputou a Presidência de 1945 pela UDN (União Democrática Nacional) contra o general Dutra e em 1950 contra Getúlio.
Na casa azul de Marlene Brito (rua Cel. Marcondes, 66), professora de etiqueta, há um mural na parte externa com uma pintura da paisagem da lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Quanto ao fato de receber turistas dentro de casa, Marlene diz não se incomodar. "Adoro receber."
Pelo menos um desses locais não é habitado e tornou-se quase um museu: a casa restaurada com janelas e portas art nouveau pertencente à filha do médico Poty Formel, o primeiro da cidade.
Para marcar um tour é preciso falar na Secretaria de Turismo de Muqui, no tels. 0/xx/28/3554-1456 ou 0/xx/27/9913-9366. (MM)


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