São Paulo, segunda, 31 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POR DENTRO DO HAVAÍ

Arquipélago preserva um lado selvagem

SILVIO CIOFFI
Editor de Turismo

Ao chegar ao Havaí, em 1778, o inglês James Cook mostrou ao mundo civilizado não apenas um arquipélago cercado de lendas e tradições exóticas: descobriu o lugar onde, no ano seguinte, seria assassinado.
Pioneiro das expedições científicas, o capitão Cook comandou, entre 1768 e 1779, três viagens pelo Pacífico, alcançando a Antártida, o Alasca e a Nova Zelândia. Ele aliou seu talento de navegador ao de colecionador de espécies da flora e da fauna dos lugares por onde passou.
Morto durante sua segunda viagem ao arquipélago havaiano, Cook havia sido honrado pelos nativos com a mais retumbante recepção por parte dos polinésios -e há quem diga que seu assassinato, na baía de Kealakekaua, foi quase um acidente de percurso.
Proposital ou não, a morte de Cook desencadeou uma série de represálias por parte de seus marinheiros e, desde então, o Havaí nunca mais foi o mesmo. Os anos seguintes foram de ocupação cruel, e parte significativa dos havaianos morreu de doenças trazidas pelo homem branco.
Atraídos pelo mais puro feitiço havaiano, escritores como Robert Louis Stevenson, Mark Twain, Herman Melville e mesmo Jack London fizeram o caminho inverso, partindo para a Polinésia em busca de aventura.
Robert Louis Stevenson (1840- 1894), o autor de "A Ilha do Tesouro" e de "O Médico e o Monstro", talvez tenha sido o mais importante deles. Tornou-se amigo do último rei local, David Kalakaua, e viveu num Havaí que se debatia entre a manutenção das tradições e a modernização.
Não é preciso dizer que, depois de breve escala republicana, o Havaí tenha se tornado, há cem anos, o 50º Estado dos EUA. O resto é história conhecida, com a transformação do arquipélago num pólo de megaturismo. Só a praia de Waikiki, em Oahu, tem cerca de 40 mil quartos de hotel.
Mas nem por isso deixou de ter o compromisso com a fantasia e a imaginação. Tem também seu lado ainda selvagem, facilmente visto nos passeios de helicóptero que desvelam cachoeiras e praias desertas a preços que decolam de US$ 60. Além das ondas gigantes, o Havaí não é logo ali, mas é, sem duvida, viagem que vale a pena.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.