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POR DENTRO DO HAVAÍ
Arquipélago preserva um lado selvagem
SILVIO CIOFFI
Editor de Turismo
Ao chegar ao Havaí, em 1778, o
inglês James Cook mostrou ao
mundo civilizado não apenas um
arquipélago cercado de lendas e
tradições exóticas: descobriu o lugar onde, no ano seguinte, seria assassinado.
Pioneiro das expedições científicas, o capitão Cook comandou, entre 1768 e 1779, três viagens pelo
Pacífico, alcançando a Antártida, o
Alasca e a Nova Zelândia. Ele aliou
seu talento de navegador ao de colecionador de espécies da flora e da
fauna dos lugares por onde passou.
Morto durante sua segunda viagem ao arquipélago havaiano,
Cook havia sido honrado pelos nativos com a mais retumbante recepção por parte dos polinésios
-e há quem diga que seu assassinato, na baía de Kealakekaua, foi
quase um acidente de percurso.
Proposital ou não, a morte de
Cook desencadeou uma série de
represálias por parte de seus marinheiros e, desde então, o Havaí
nunca mais foi o mesmo. Os anos
seguintes foram de ocupação
cruel, e parte significativa dos havaianos morreu de doenças trazidas pelo homem branco.
Atraídos pelo mais puro feitiço
havaiano, escritores como Robert
Louis Stevenson, Mark Twain,
Herman Melville e mesmo Jack
London fizeram o caminho inverso, partindo para a Polinésia em
busca de aventura.
Robert Louis Stevenson (1840-
1894), o autor de "A Ilha do Tesouro" e de "O Médico e o Monstro",
talvez tenha sido o mais importante deles. Tornou-se amigo do último rei local, David Kalakaua, e viveu num Havaí que se debatia entre a manutenção das tradições e a
modernização.
Não é preciso dizer que, depois
de breve escala republicana, o Havaí tenha se tornado, há cem anos,
o 50º Estado dos EUA. O resto é
história conhecida, com a transformação do arquipélago num pólo de megaturismo. Só a praia de
Waikiki, em Oahu, tem cerca de 40
mil quartos de hotel.
Mas nem por isso deixou de ter o
compromisso com a fantasia e a
imaginação. Tem também seu lado
ainda selvagem, facilmente visto
nos passeios de helicóptero que
desvelam cachoeiras e praias desertas a preços que decolam de
US$ 60. Além das ondas gigantes, o
Havaí não é logo ali, mas é, sem duvida, viagem que vale a pena.
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