São Paulo, domingo, 1 de novembro de 1998

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Cinemax, Canal Brasil e Globo estimulam cinema nacional

ANNA LEE
da Sucursal do Rio

O cinema brasileiro, mais do que nunca, está na televisão. De terça até sexta, a TV Globo exibe o "Festival Nacional", com parte da nova safra de filmes brasileiros.
O Canal Brasil -veiculado no pacote Advanced 98 da operadora Net e pela Sky- , inaugurado em setembro, tem sua programação toda dedicada ao cinema brasileiro. Estima-se que o canal já tenha mais de 500 mil assinantes.
O Cinemax - distribuído pela TVA e pela DirecTV a cerca de 250 mil domicílios-, há um ano no mercado, apesar de não exibir apenas produções brasileiras, tem, segundo seu gerente de programação, Fernando Cardoso, "uma preocupação em exibir filmes nacionais".
"Essas iniciativas, principalmente no caso da Globo, que é uma TV aberta, e, por isso, atinge um número de pessoas maior, contribuem e muito para aumentar a visibilidade dos filmes brasileiros, um dos principais problemas que enfrentamos hoje na indústria cinematográfica nacional", disse Mariza Leão, produtora de "Lamarca", do cineasta Sérgio Rezende, que vai ao ar na Globo na quarta-feira.
Segundo Mariza, apesar de a produção cinematográfica brasileira ter apresentado grande crescimento, desde 1995, quando a Lei do Audiovisual -criada em 1993- passou a existir efetivamente, "são muitos os problemas enfrentados com a distribuição e exibição, já que não há recursos para concorrer com as distribuidoras estrangeiras".
Para o diretor do Canal Brasil, Wilson Cunha, essas iniciativas da TV visam "retroalimentar" o cinema brasileiro. "Pela exibição de filmes nacionais estimulamos a produção e aumentamos a penetração nas salas de cinema".
"Se as pessoas gostam do que vêem, a demanda obviamente aumenta e, com isso, provavelmente vão querer assistir aos filmes nacionais no cinema", disse Cunha.
"O meu sonho e a minha pretensão é que o Canal Brasil venha se tornar um grande impulsionador da cinematografia brasileira", disse Cunha.
Um dos cuidados para garantir que "o público goste de cinema nacional", tem sido, segundo Cunha, com a qualidade das cópias exibidas.
Esta também é a preocupação do Cinemax, como disse seu gerente de programação.
"Se exibirmos cópias que não são boas, estaremos reforçando o preconceito, que ainda existe, de que filme brasileiro tem qualidade inferior ao estrangeiro", disse Cardoso.
A produtora de cinema Gláucia Camargo, que, entre outros filmes, realizou "Policarpo Quaresma", de Paulo Thiago, considera que "o cinema brasileiro está apenas no início de um caminho na televisão brasileira -que no futuro poderá trazer resultados satisfatórios- já que ainda o número de pessoas que tem acesso a TVs por assinatura é pequeno".
No "Festival Nacional", além de "Lamarca", a Globo vai exibir "Pequeno Dicionário Amoroso", de Sandra Werneck, na terça-feira; "O Homem Nu", dirigido por Hugo Carvana, na quinta-feira, e "O Que É Isso, Companheiro", de Bruno Barreto, na sexta-feira.



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