São Paulo, Domingo, 02 de Janeiro de 2000


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SEM MEDO DE ASSOMBRAÇÃO
Com o quadro "O Caçador de Enigmas", padre Oscar Quevedo pretende revelar os "truques" dos paranormais
Padre quer desmascarar místicos no "Fantástico"

BRUNO GARCEZ
da Reportagem Local

A PARTIR de hoje, um senhor de 69 anos promete ser a pedra no sapato de paranormais, astrólogos, espíritas e pais-de-santo. A data marca a estréia de "O Caçador de Enigmas", quadro protagonizado por Oscar Quevedo, padre jesuíta que diz ter desmascarado paranormais como o israelense Uri Geller e que ofereceu US$ 1 milhão para que o brasileiro Thomas Green Morton provasse que seus feitos eram sobrenaturais.
A atração comandada pelo padre terá cerca de oito minutos e será exibida quinzenalmente no "Fantástico", da Globo. Algumas das primeiras gravações que irão ao ar serão os debates que Quevedo travou com um babalorixá que dizia ser capaz de incorporar o demônio e com um líder espírita que alegava ter fotos que traziam imagens dos espíritos de pessoas mortas.
Segundo Quevedo, "O Caçador de Enigmas" tem como propósito "refutar o que é falso e explicar o que é verdadeiro". Na acepção do padre, por falso entenda-se possessões demoníacas, reencarnação e o que chama de "truques" dos parapsicólogos. Quevedo não é, no entanto, um cético, visto que crê no poder divinatório, na telepatia e afirma que os milagres reconhecidos pela Igreja são irrefutáveis, "mas não ocorrem na proporção que muita gente acredita".
O padre conta que sua autoridade no tema vem de sua experiência de 50 anos com a parapsicologia e de seus 15 livros publicados sobre o assunto. Além disso, leciona no Clap (Centro Latino-Americano de Parapsicologia), de São Paulo. "O Caçador de Enigmas" não é a estréia de Quevedo na TV. Na década de 70, ele apresentou um programa semanal sobre parapsicologia na TVE carioca e ainda se exibiu em emissoras argentinas e norte-americanas.
Mas talvez o evento televisivo mais célebre que protagonizou tenha sido seu confronto com Uri Geller, parapsicólogo célebre na década de 70, que se apresentava mundialmente exibindo números em que, supostamente, entortava metais com o poder da mente, acendia lâmpadas sem o uso de eletricidade e fazia objetos se mexerem sem tocá-los.
"Nos anos 70, a Globo trouxe Uri Geller ao Brasil. Ao fim de cinco horas, demonstrei, no ar, que aquilo tudo era falso. No dia seguinte, ele próprio reconheceu que o que fazia era truque e embarcou de volta para casa no primeiro avião", ufana-se Quevedo.
Outro de seus alvos foi o parapsicólogo Thomas Green Morton. Nos anos 80, Morton notabilizou-se pelos hipotéticos poderes de entortar talheres, ressuscitar pássaros e transformar papel alumínio em objetos sólidos.
"Até hoje, Morton foge de mim. Eu o desafiei, propondo-lhe US$ 2.000 para que ele provasse ser capaz de, como alegou, converter um ovo em um pintinho em 40 minutos e também dobrar um trilho de trem. Ele fez uma contraproposta de US$ 100 mil e eu, juntamente com entidades parapsicológicas internacionais, ofereci US$ 1 milhão. Cheguei até a procurá-lo em sua cidade, Pouso Alegre (MG), mas Morton sumiu."
O quadro apresentado por Quevedo terá, a exemplo do "Mister M", narração de Cid Moreira e os textos serão assinados pelo mesmo autor, Luiz Petry, mas o padre rejeita comparações com o mágico mascarado. "Mister M explicava indevidamente o segredo profissional de mágicos, de artistas. Mister M e a parapsicologia não se relacionam, apesar de eu ter sido mágico por muitos anos, algo que ajudou na minha formação, já que é preciso conhecer os truques para não se deixar enganar por eles", afirma.
Luiz Petry endossa as palavras de Quevedo: "É um outro departamento. Abriremos espaço para os parapsicólogos. Não tem o humor do texto que criamos aqui para o Mister M". Logo, ninguém espere ouvir ao fim de cada quadro a voz de Cid Moreira exclamando: "Boa, padre Quevedo, o sacerdote de todos os sortilégios!".

Outras atrações
O "Fantástico" apresenta hoje também novos quadros: no "Me Leva, Brasil", Maurício Kubrusly viaja por diversos locais do Brasil mostrando diferentes culturas, e "Guiness - O Mundo dos Recordes" destaca feitos extraordinários. O programa promove ainda a eleição da brasileira mais bonita do século. Concorrem, entre outras, Vera Fischer, Ana Paula Arósio, Maria Fernanda Cândido e Camila Pitanga.


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