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SEM MEDO DE ASSOMBRAÇÃO
Com o quadro "O Caçador de Enigmas", padre Oscar Quevedo pretende revelar os
"truques" dos paranormais
Padre quer desmascarar místicos no "Fantástico"
BRUNO GARCEZ
da Reportagem Local
A PARTIR de hoje, um senhor de 69
anos promete ser a pedra no sapato
de paranormais, astrólogos, espíritas e
pais-de-santo. A data marca a estréia de
"O Caçador de Enigmas", quadro protagonizado por Oscar Quevedo, padre jesuíta que diz ter desmascarado paranormais como o israelense Uri Geller e que
ofereceu US$ 1 milhão para que o brasileiro Thomas Green Morton provasse
que seus feitos eram sobrenaturais.
A atração comandada pelo padre terá
cerca de oito minutos e será exibida
quinzenalmente no "Fantástico", da Globo. Algumas das primeiras gravações
que irão ao ar serão os debates que Quevedo travou com um babalorixá que dizia ser capaz de incorporar o demônio e
com um líder espírita que alegava ter fotos que traziam imagens dos espíritos de
pessoas mortas.
Segundo Quevedo, "O Caçador de Enigmas" tem como
propósito "refutar o que é falso e explicar o que é verdadeiro". Na acepção do padre, por falso entenda-se possessões
demoníacas, reencarnação e o que chama de "truques" dos
parapsicólogos. Quevedo não é, no entanto, um cético, visto que crê no poder divinatório, na telepatia e afirma que os
milagres reconhecidos pela Igreja são irrefutáveis, "mas
não ocorrem na proporção que muita gente acredita".
O padre conta que sua autoridade no tema vem de sua experiência de 50 anos com a parapsicologia e de seus 15 livros publicados sobre o assunto. Além disso, leciona no
Clap (Centro Latino-Americano de Parapsicologia), de São
Paulo. "O Caçador de Enigmas" não é a estréia de Quevedo
na TV. Na década de 70, ele apresentou um programa semanal sobre parapsicologia na TVE carioca e ainda se exibiu em emissoras argentinas e norte-americanas.
Mas talvez o evento televisivo mais célebre que protagonizou tenha sido seu confronto com Uri Geller, parapsicólogo célebre na década de 70, que se apresentava mundialmente exibindo números em que, supostamente, entortava
metais com o poder da mente, acendia lâmpadas sem o uso
de eletricidade e fazia objetos se mexerem sem tocá-los.
"Nos anos 70, a Globo trouxe Uri Geller ao Brasil. Ao fim
de cinco horas, demonstrei, no ar, que aquilo tudo era falso.
No dia seguinte, ele próprio reconheceu que o que fazia era
truque e embarcou de volta para casa no
primeiro avião", ufana-se Quevedo.
Outro de seus alvos foi o parapsicólogo
Thomas Green Morton. Nos anos 80,
Morton notabilizou-se pelos hipotéticos
poderes de entortar talheres, ressuscitar
pássaros e transformar papel alumínio
em objetos sólidos.
"Até hoje, Morton foge de mim. Eu o
desafiei, propondo-lhe US$ 2.000 para
que ele provasse ser capaz de, como alegou, converter um ovo em um pintinho
em 40 minutos e também dobrar um trilho de trem. Ele fez uma contraproposta
de US$ 100 mil e eu, juntamente com entidades parapsicológicas internacionais,
ofereci US$ 1 milhão. Cheguei até a procurá-lo em sua cidade, Pouso Alegre
(MG), mas Morton sumiu."
O quadro apresentado por Quevedo
terá, a exemplo do "Mister M", narração
de Cid Moreira e os textos serão assinados pelo mesmo autor, Luiz Petry, mas o
padre rejeita comparações com o mágico mascarado. "Mister M explicava indevidamente o segredo profissional de
mágicos, de artistas. Mister M e a parapsicologia não se relacionam, apesar de eu
ter sido mágico por muitos anos, algo
que ajudou na minha formação, já que é
preciso conhecer os truques para não se
deixar enganar por eles", afirma.
Luiz Petry endossa as palavras de Quevedo: "É um outro departamento. Abriremos espaço para os parapsicólogos.
Não tem o humor do texto que criamos
aqui para o Mister M". Logo, ninguém
espere ouvir ao fim de cada quadro a voz
de Cid Moreira exclamando: "Boa, padre Quevedo, o sacerdote de todos os sortilégios!".
Outras atrações
O "Fantástico" apresenta hoje também novos
quadros: no "Me Leva, Brasil", Maurício Kubrusly viaja por diversos locais do Brasil mostrando diferentes culturas, e "Guiness - O Mundo dos Recordes" destaca feitos extraordinários.
O programa promove ainda a eleição da brasileira mais bonita do século. Concorrem, entre
outras, Vera Fischer, Ana Paula Arósio, Maria
Fernanda Cândido e Camila Pitanga.
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