São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A TV NO DIVÃ

Profissionais querem melhorar programação com a participação de toda a sociedade

ONG discutirá mídia para jovens

DA REDAÇÃO

Discutir a mídia para crianças e adolescentes, refletir sobre a programação das TVs e propor transformações. Esses são os principais objetivos do Centro Brasileiro de Mídia para Crianças e Jovens, ONG em processo final de estruturação (deve ser oficializada dentro de um mês) composta por jornalistas, produtores e pessoas ligadas às áreas de comunicação e educação.
A presidente da nova entidade, Beth Carmona, diretora de programação dos canais Discovery no Brasil, afirma que a idéia surgiu em 1999 -quando ela e um grupo de profissionais organizaram o "Encontro de TV e Qualidade", no Sesc Paulista, em São Paulo- e ganhou força no ano passado, durante a 3ª Cúpula Mundial de Mídia para Crianças e Jovens, na Grécia. "Nós queremos que os profissionais que trabalham com a mídia pensem a respeito disso. E queremos também atingir o público consumidor, que, muitas vezes, não dispõe de mecanismos para intervir na qualidade do que vê", diz.
A ONG já está se organizando para trazer a próxima cúpula para o Brasil. "Esse evento acontece a cada três anos, e o próximo, em 2004, vai ser organizado por nós, no Rio de Janeiro", anuncia. Segundo ela, a necessidade de discutir a mídia para crianças e adolescentes é imperativa porque, nessa idade, as pessoas ainda estão em formação e precisam de boas referências. "Nós achamos que só com a formação e a educação poderemos transformar algo", diz Beth, que é "jornalista amiga da criança", título concedido pela Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância).
A influência que a mídia exerce sobre as crianças e a formação dos profissionais que trabalham nela são os temas que mais preocupam o grupo. "Os profissionais saem da universidade, entram num mercado viciado e se esquecem um pouco da sua responsabilidade social. Nós queremos fazer com que eles reflitam sobre o seu trabalho", afirma Beth, explicando que o grupo se debruçará prioritariamente sobre a mídia eletrônica, ou seja, TV e internet.
O Centro Brasileiro de Mídia para Crianças e Jovens quer preparar as pessoas para uma mídia de qualidade. Mas o que seria isso? "Uma mídia que possa ampliar o conhecimento, que não deturpe os fatos e que promova a variedade", diz Beth, diretora de programação da TV Cultura até 1998.
"É um tema que preocupa as pessoas do mundo inteiro. Existem organizações como a que queremos fundar nos Estados Unidos, na Europa e na Austrália."
Uma das maiores preocupações dessas entidades é a violência a que a TV expõe os jovens. "Não queremos uma TV cor-de-rosa, onde a violência não exista, mas as ações precisam ser justificadas. A TV é uma concessão pública e tem que ter compromisso com a sociedade".
Para ela, programas como "Castelo Rá-Tim-Bum" (Cultura) e "Sítio do Picapau Amarelo" (Globo) são bons exemplos de programação de qualidade na TV aberta. (PALOMA VARÓN)


Texto Anterior: Em meio às novidades, os "desanimados" heróis Marvel são cultuados
Próximo Texto: Nordestinos brilham no cinema e somem da TV
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.