Antes de "O Cravo e a Rosa", você já tinha feito alguma outra participação na televisão?
Não, esta é a minha primeira experiência na TV. Nunca tinha feito nada antes, nem comercial. Muito tempo atrás, eu mandei um material para a oficina de atores da Globo, mas nunca obtive retorno. Depois disso, nunca mais tentei nada na TV. Eu sempre fiz teatro, faço teatro há oito anos e, por isso, a novela está sendo uma experiência bastante diferente e muito boa.

Você foi descoberta por causa do espetáculo "Cazas de Cazuza"?
É, estávamos em uma temporada em São Paulo, e o André Reis, que é o produtor de elenco da novela, foi assistir ao espetáculo, me viu e me chamou para fazer um teste. Passei na primeira etapa, na qual concorriam muitas meninas, para fazer a personagem Kiki (interpretada por Regiane Arruda). Então, fui para o Rio fazer o teste seguinte. Nesse segundo teste, no qual estavam presentes os diretores da novela, já fui designada para ser a Lindinha.

Como é a sua personagem na novela?
A Lindinha é um bichinho do mato, é arredia, voluntariosa e completamente apaixonada pelo Petruchio (Du Moscovis) -faz qualquer coisa por ele. Como tem um caráter duvidoso, esse "qualquer coisa" inclui algumas maldades, mas ainda não sei dizer se ela é uma personagem má. Ela é tratada pelo Petruchio como uma irmã, ele não a vê de outra forma, já que eles cresceram juntos, mas ela tenta mostrar que é uma mulher...

E a comparação de sua personagem com a Gabriela de Sônia Braga?
Pois é, já apareceu gente falando que eu tenho certa semelhança com ela, e a minha personagem, de certa forma, lembra um pouco a Gabriela. É lógico que eu fico muito feliz com a comparação. É uma honra, já que a Sônia Braga é uma grande atriz.

De que maneira você se preparou para encarnar a Lindinha?
Em primeiro lugar, eu tive de fazer um aplique no cabelo, já que o meu cabelo era curtinho. Como a Lindinha vive no mato e é meio suja, tenho de passar uma maquiagem no corpo, o que me deixa com uma aparência muito mais morena do que eu sou, até estranhei quando me vi no vídeo. Para todos os atores da novela a Globo deu um CD com músicas dos anos 20 e umas apostilas explicando como se vivia naquela época, nos mínimos detalhes, mostrando como eram as roupas, por exemplo. Houve também algumas palestras, tudo para ficarmos bem situados na época em que se passa "O Cravo e a Rosa".

A novela mudou muito sua rotina?
Totalmente. Sempre morei na mesma casa, em São Bernardo, desde que eu nasci. Com a novela, tive de mudar para o Rio, e está sendo gostoso, mas estranho. Volto para casa e meu cachorro, que sempre foi minha paixão, às vezes nem olha na minha cara, fica se fazendo de difícil porque eu não posso levá-lo para o Rio... Tive também de abandonar o espetáculo "Cazas de Cazuza", porque eu não posso viajar o tempo todo. Mas sempre que dá, eu participo.

E a fama? Você está preparada para ser famosa?
Tornar-me uma pessoa conhecida é legal, mas, ao mesmo tempo, delicado. O engraçado é que as pessoas, muitas vezes, têm carinho não pelo ator, mas pelo personagem ou por alguém que elas imaginam que o ator seja. Sei que não posso começar a achar que ter fama é o mais importante, senão vou acabar prejudicando o meu trabalho. Mas já começaram a acontecer situações engraçadas, principalmente aqui, em São Bernardo, que é uma cidade pequena. Outro dia, por exemplo, eu fui a um restaurante que eu frequento desde pequena, e o garçom, que me conhece há muito tempo, veio todo formal me pedir um autógrafo. Até na minha casa eu sou "celebridade". Meu pai já é meu maior fã, grava até as chamadas da novela em que eu apareço.

Você também tem um lado cantora, já que o "Cazas de Cazuza" é um musical no qual vocês cantam ao vivo...
Eu adoro cantar, é uma das coisas das quais eu mais gosto. Já fiz parte de várias bandas, tenho ainda o projeto de vir a gravar um CD. Não queria abandonar esse meu lado ligado à música. Minha banda agora é especial, pois eu canto as letras que eu mesma componho, e nelas eu coloco o que eu quero falar. Gosto também de pintar, fiz faculdade de pintura e tenho um ateliê.