São Paulo, domingo, 04 de fevereiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PARADA DURA

Com a nova novela das oito, "Porto dos Milagres", emissora retorna às tramas passadas no Nordeste para tentar repetir o sucesso de "Laços de Família"

Globo volta à fórmula "Tieta" para segurar audiência

Divulgação
Marcos Palmeira, que interpreta o pescador Guma em "Porto dos Milagres", reza diante de imagem de Iemanjá


CRISTIAN KLEIN
DA SUCURSAL DO RIO

A NOVA novela da Globo, "Porto dos Milagres", estréia amanhã com a missão espinhosa de substituir "Laços de Família", a mais bem-sucedida trama no horário das 20h nos últimos anos.
Sai o realismo de Manoel Carlos e seus personagens urbanos, e entra uma novela rural, típica da dupla de autores Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, recheada de misticismo.
"Porto dos Milagres" herda como parâmetro a audiência de "Laços de Família", que fez em média 45 pontos no Ibope, com picos de 62. O normal no horário é uma média de até 40 pontos.
"Não dá para comparar. São produtos completamente diferentes. E estamos apostando nessa diferença. A nossa expectativa é de, no mínimo, entrar no mesmo barco de "Laços'", afirma Marcos Paulo, diretor-geral da novela.
Antônio Fagundes, protagonista de "Porto dos Milagres", afirma que é uma grande responsabilidade herdar o público de "Laços". "Vamos tentar não derrubar. Mas é melhor pegar a audiência lá em cima do que ter que levantá-la", diz.
Cássia Kiss, também protagonista da novela, é otimista e acredita que a equipe de "Porto dos Milagres" vai pegar de "mão beijada" o sucesso da antecessora. "O que precisamos para manter esse sucesso é de um bom horário e de uma boa história. E, de cara, temos o Aguinaldo Silva", afirma.
A Globo programou a nova novela para as 21h, o mesmo horário em que "Laços" era exibida, por imposição judicial, numa polêmica que envolveu a participação de menores de 18 anos e acabou aumentando a audiência da trama. Com "Porto dos Milagres", ao que parece, novela das oito vai virar, definitivamente, novela das nove.
Aguinaldo Silva afirma que o segredo para não deixar a "bola cair" é marcar logo a diferença.
"Não podemos ficar preocupados com essa herança. Novela quando acaba é como jornal de ontem. No começo, há um estranhamento, mas a saída é fazer algo bem diferente", diz.
Diferente em relação a "Laços de Família". Porque o clima será o mesmo de outras novelas escritas pelo autor, como "Roque Santeiro" (1985/1986), "Tieta" (1989), "Pedra sobre Pedra" (1992), "Fera Ferida" (1993) e "A Indomada" (1997), sendo as duas últimas em parceria com Ricardo Linhares.
Com "Porto dos Milagres", inspirada no romance "Mar Morto", de Jorge Amado, Aguinaldo Silva volta às novelas passadas em pequenas cidades nordestinas, depois da urbana "Suave Veneno" (1999), que ele mesmo assume não ser sua praia. "Agora estou me sentindo em casa", afirma.
Personagens exagerados, sotaque nordestino, um bordel numa cidade do interior. "Porto dos Milagres" tem tudo isso.
A história é dividida em duas fases. A primeira é um "flashback" que dura os primeiros oito capítulos da novela e mostra como era a vida dos habitantes da cidade baiana fictícia de Porto dos Milagres, há 20 anos.
Nessa fase, Porto dos Milagres é dominada pelo rico comerciante Bartolomeu Guerreiro (Antônio Fagundes), sujeito que chegou pobre ao lugarejo, após ter sido traído pelo irmão gêmeo Félix Guerreiro (também interpretado por Antônio Fagundes).
Com seu tino comercial, porém, Bartolomeu conseguiu fazer fortuna. Solteiro, ele frequenta o bordel da cidade vizinha, Itamarajy, onde sempre se relaciona com a prostituta Arlete (vivida por Letícia Sabatella).
O reinado de Bartolomeu é ameaçado quando ele reencontra seu irmão vigarista. Foragido da Espanha, onde deu um golpe fracassado ao lado da sua mulher, Adma (Cássia Kiss), Félix volta ao Brasil e diz ao seu irmão estar arrependido do que fez a ele no passado. Mas seu plano é passá-lo para trás novamente e roubar-lhe a fortuna.
Adma, sem o consentimento do marido, envenena Bartolomeu. Com a morte do comerciante, que aparentemente não havia deixado herdeiros, Félix assume a fortuna do irmão. Mas ele é surpreendido pela chegada da prostituta Arlete, que carrega no colo o bebê Guma, filho de Bartolomeu.
Adma, mais uma vez, se encarrega de livrar o caminho do marido e manda seu capataz, o motorista Eriberto (José de Abreu), eliminar Arlete e Guma. A tarefa não é totalmente realizada, e o bebê, por obra de Iemanjá, acaba sendo resgatado em alto-mar, dentro de um cesto, pelo pescador Frederico (Maurício Mattar) e sua mulher, Eulália (Cristiana Oliveira), que se tornam os pais adotivos de Guma.
Na segunda fase da novela, 20 anos depois, Guma (Marcos Palmeira) é o líder dos pescadores de Porto dos Milagres e vai se envolver com a webdesigner Lívia (Flávia Alessandra), que namora o filho de Félix, Alexandre Guerreiro (Leonardo Brício). Guma vai ser uma ameaça para os dois. Para Félix, porque é o herdeiro legítimo do império de Bartolomeu. E para Alexandre, porque é o verdadeiro amor de Lívia.
Duas cidades cenográficas foram construídas para a novela: uma no Projac, no Rio, onde ficam os estúdios da Globo, e outra na ilha de Comandatuba, na Bahia. Elas têm várias casas e cenários iguais, permitindo, por meio de edição, que um personagem como Guma saia do cais de porto, em uma cena gravada na Bahia, e entre na rua principal de Porto dos Milagres, reproduzida no Rio.



Texto Anterior: Programação de TV
Próximo Texto: Sem grandes mistérios, "Laços" tem o maior ibope em anos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.