São Paulo, Domingo, 05 de Setembro de 1999
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NOVELAS
Nova novela tenta fugir do estereótipo do excesso de personagens italianos e investe no bairro boêmio paulistano
Globo troca Bixiga pela Vila Madalena

da Reportagem Local

Com o título provisório de "Sexo Oposto", a próxima novela das sete da Rede Globo, escrita por Walther Negrão, começou a ser gravada essa semana no município de Jacareí, no Vale do Paraíba (SP). A trama, que substituirá "Andando nas Nuvens", será dirigida por Jorge Fernando.
A história traz Edson Celulari como Solano. Às vésperas de se casar com Eugênia (Maitê Proença), ele comete um crime e, ao se ver condenado a dez anos de prisão, desiste de casar-se com ela.
Na prisão, conhece Roberto (Marcos Winter). A trama salta sete anos, quando Solano deixa a prisão e, ao levar uma carta de Roberto à sua namorada, Pilar (Cristiana Oliveira), se apaixona pela moça, formando o triângulo que movimentará a história.
Negrão gostaria que a trama se chamasse "Vila Madalena", bairro paulistano onde a maior parte da história se passará e no qual o autor mora. "A Vila é um bairro que transborda cultura e que tem momentos distintos à noite, com os bares, e durante o dia, com as empresas. Está coalhado de artistas plásticos, escritores, atores e intelectuais", afirma.
"Vamos fazer uma novela paulistana fora do Bixiga, e sem os mesmos personagens italianos de sempre. O motivo é simples, sou um autor de São Paulo que quase não escreveu sobre a cidade. Queria contar uma história que se passasse no bairro em que moro, e a Globo não podia ter mais uma trama com italianos, "Terra Nostra" vai estar no ar", explica.
Negrão define a trama como uma comédia romântica totalmente voltada para os personagens. "Não gosto de ter uma sinopse rígida. Curto a idéia de me surpreender junto com o público quando algumas situações aparecem. Crio personagens detalhados e vou vendo o que acontece com eles", revela.
Para compor melhor o cenário e os personagens, a Globo encomendou uma pesquisa ao Museu da Pessoa com as profissões, estabelecimentos comerciais e tipos encontrados na Vila Madalena. A idéia é ajudá-lo a fazer uma transposição mais fiel da vida do agitado bairro paulistano para a TV.
"A personagem da Cristiana (Oliveira), por exemplo, ficará desempregada no início da novela e fará todos aqueles trabalhos alternativos que quem já ficou sem emprego deve ter tentado alguma vez. Venderá cestas de café da manhã, levará cachorros para passear, dará cursos de cerâmica e cromoterapia. Coisas que você vê demais no bairro", conta Negrão.
Nos últimos anos, Negrão escreveu novelas que se passavam em cidades pequenas do interior. A nova trama das sete o tira desse ambiente. "Estava com vontade de fazer uma novela urbana. O engraçado é que escrevi tramas rurais durante muito tempo e, agora que comprei uma fazenda, escrevo uma história urbana. A experiência vai servir para outras novelas no futuro", brinca. (AM)


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